Ao longo dos anos habituei-me a ver o meu avô apenas como o meu avô, aquela pessoa com disposição e disponibilidade, com uma vida tranquila e muita coisa para me ensinar com a calma que era sua característica. Mas quando o perdi, pensei muito na pessoa que ele foi e eu não conheci, e naquilo que teve de abdicar para seguir com a vida. O meu avô foi músico na juventude, e tinha talento, mas nunca pode seguir esta ambição. Por vezes fechava-se no escritório com a guitarra e sabia que ali estavam os seus velhos sonhos e aspirações. Tocava para ele e perdia-se num mundo só dele. E recordo-me de ouvir junto à porta as notas soltas.
4 comentários:
Senti a falta de ver o avô nesta imagem.
Achei interessante usares uma porta para o fecho desta "história". Mas gostava mais que a porta estivesse entreaberta, em jeito de reticências (mesmo que na realidade assim não fosse).
Percebo perfeitamente o que queres dizer Lazy, e eu queria muito fazer mais coisas, mostrar mais dele, tinha outras ideias e outras possibilidades, mas esta era muito forte, e aquilo que eu vou desconhecer sempre sobre a vida dele vai permanecer intocado, assim como ele atrás daquela porta.
Oh. Não sabia disso!
Gosto tanto destas tuas memórias. Que desafio e que bom deve ter sido o modo como as recuperaste pintando. Beijinho
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