quarta-feira, 15 de julho de 2020

Welcome July!

(Eu não posso dizer que vou escrever mais para de repente não conseguir arranjar tempo para me coçar, quanto mais escrever, claro!)

Eis que inauguro o mês de Julho a relembrar que fiz 38 anos. Lembro-me como se fosse ontem a festa dos meus 18 anos, e de repente já passaram 20 anos e a vida deu tantas voltas, ganhei e perdi tantos quilos (ganhei mais que perdi - e isto até soa a algo tão positivo), tirei um curso, entrei na vida profissional,  aprendi mil lições, perdi o meu avô, depois a minha mãe, depois as minhas avós, mudei várias vezes de casa, de carro, deixei sonhos de lado, larguei tudo por amor a mim mesma, apaixonei-me, tive um filho, fiquei desempregada, entrei nesta fase atribulada, sobrevivi ao confinamento, e agora persigo projectos novos e renovo o entusiasmo pela vida enquanto faço mil malabarismos para manter tudo a andar e já agora, dormir algumas horinhas extra. E tanta mais matemática coube nestes 20 anos. 

Este post era para ser mais longo e certamente não tencionava reflectir nos últimos 20 anos, mas as palavras às vezes levam-nos com elas, o mês já vai a meio, e o ano vai avançando para a segunda metade e polimos as armas para as batalhas que aí vêm. Estou optimista, ainda que estejamos num vórtice de mudanças estruturais grandes. Ainda tenho boas expectativas para a humanidade, por muito ingénuo que isto possa soar. Não deixo de me informar e preocupar demasiado com situações que estão fora do meu controlo, mas, faço por manter a paz nesta cabeça e esperar que isso influencie positivamente os que me rodeiam.

Bem-vindos 38 anos, adoro anos pares. Que esta seja uma volta ao sol cheia de energia e dinâmica. 
E bom Julho para todos!

(foto da maravilhosa Laura!)

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Também andam farta/os do vosso blog ou sou só eu?

Calma minha gente, eu não vou mandar o blog abaixo. Na verdade este post é suposto ser positivo e construtivo.

Há dias a Catarina publicou no instagram um muito aguardado retorno ao blog. E aproveitou a dica para fazer uma consulta rápida nas stories se a malta ainda gostava de escrever blogs. Eu respondi com um chocho "gostava tanto de escrever mais mas não o largo". E ela respondeu-me alegremente que adora ler-me. E eu sei que é verdade, mas senti-me uma verdadeira impostora. 



A Catarina é uma das minhas blogger-musa. Ela sabe tornar um texto apelativo, sabe adorná-lo com boas imagens, faz reflexões muito pertinentes e tira conclusões certeiras. Sempre que lá vou, sinto que há conteúdo, dá gozo ler. Sinto-me muito próxima a ela apesar de só me ter cruzado com ela uma vez na vida, talvez tenha a ver com o facto de sermos ambas caranguejas, mas se calhar porque temos alguns pontos comuns nos nossos percursos e o entusiasmo dela faz-me lembrar o meu. 

Mas voltando um bocadinho atrás, senti-me um pouco impostora sim, porque de facto adoro escrever e manter este blog... mas não o faço. E passo muito tempo da minha vida a lamentar este facto em vez de o usar produtivamente para escrever ou... passe a redundância... produzir. E quando me dizem que gostam, o meu ego fica aos pulinhos, mas também um pouco envergonhado porque acho que sou mesmo capaz de fazer melhor.

Sempre que tenho algum tempo, penso no blog e no que gostaria que ele fosse, e não faço efectivamente nada por isso. Há dois anos que penso em renovar-lhe o aspecto, criar um logo mais interessante, e dedicar-me efectivamente em construir aquilo que acredito que o blog é e tem potencial para ser mas... não faço nada. Rabisco algumas ideias, sonho acordada e a coisa morre na praia sem nunca ver luz do dia.

Estou farta do blog sim. Ele não me fez nada de mal, muito pelo contrário, mas eu de facto estou cansada que seja só algo que pegue ocasionalmente. Claro que não significa que deva postar coisas só porque sim, mas eu gosto da continuidade que isto pode ter, gosto de ser mais assídua, mas não sou. 

Preciso de me mexer, preciso que seja um sítio que eu ache verdadeiramente apelativo, que goste de o ler, que seja visualmente interessante e reflicta de facto o meu lado criativo e entusiasmado pela vida, e acima de tudo, que eu consiga pôr mais vezes por escrito as ideias de posts que me flutuam à volta da cabeça. 

Por isso, já chega desta modorra, e vamos mas é por isto a andar sim? 
Entretanto, se tiverem dicas contra a procrastinação, temas que gostavam de ver no blog ou seja o que for, por favor partilhem que eu agradeço muito.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Aquele dia em que eu participei num podcast


Devo dizer-vos, eu adoro podcasts. Passo o dia a ouvi-los. Já quando ouvia mais rádio eu gostava mesmo era que me dessem conversa, e dei comigo muitas vezes a rir sozinha e a responder-lhes, presa no trânsito. Um mimo, como podem imaginar. 
Pois que eu comecei a ouvir podcasts graças a alguns pioneiros portugueses neste meio, e só depois tenho resvalado para os estrangeiros e só não subscrevo mais porque tenho uma quantidade gigante deles em stand-by. Tenho mesmo a sensação que estão a conversar comigo, sem falar na quantidade de coisas que tenho aprendido em entrevistas, comentários e esclarecimentos que muitos dão. É um meio riquíssimo e sem dúvida que tem acrescentado muito aos meus dias.

Isto para vos dizer que participei num podcast! Não foi assim daquelas coisas em que me convidam e querem falar comigo por ser eu, mas ouço o Arrepios com a Bilinha desde que apareceu, sou patrona no Patreon e gosto muito das temáticas que ela trata (sou aficcionada de terror e mistério e tudo de inexplicável), e como ela conta histórias a novos convidados todas as semanas, eu agitei desavergonhadamente o meu dedo no ar para gravar com ela e cá estou eu a conversar um pouco com a Raquel, que me contou uma história clássica de assombrações que merece a pena conhecer. 
Não estava nada nervosa, por incrível que pareça, mas de vez em quando acusava o cansaço e davam-me umas brancas ou divagava incessantemente, mas no geral foi uma experiência que adorei e quero repetir, seja com ela, seja com outros, seja criar o meu próprio podcast (?). 

Se gostam destes temas ou se simplesmente querem conhecer a minha voz, e o meu tagarelar incessante, by all means, ouçam o episódio! No fim, se quiserem ser muito queridos digam que eu até me safei bem mesmo que não tenha sido o caso.  

(e já que estamos no tema dos podcasts, alguém interessado em saber o que me entra pelos ouvidos? Ou com vontade de partilhar aquele mesmo imperdível? É um assunto que não me cansa de todo, adoraria saber o que pensam.)

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Respect

Ando a mastigar as ideias para compor este post há alguns dias e sinceramente nem sei se o vou conseguir publicar já ou se o vou construir com o tempo. É muito difícil falar de racismo, de por os conceitos na mesa, de esmiuçar os pontos de vista e tentar abranger a complexidade de tudo o que abarca. E sei que, longo ou curto, este post vai sempre ficar incompleto e que nunca conseguirei falar de tudo o que se atropela na minha mente, mas tenho de tentar. Porque tenho uma voz, tenho uma plataforma (por pequena que seja) e tenho muita vontade de aprender, de compreender e de viver esta questão que se impõe incomodamente nas nossas vidas. No fundo, como tudo na vida.

Não podemos simplesmente fechar os olhos, fingir que não existe, que não tem importância, que vai passar. A memória é curta, mas enquanto continuam a morrer pessoas, e outras a passar por elas com impunidade, e a sermos TODOS constantemente atropelados pela profunda injustiça, de tudo isto, não podemos ignorar. Vamos convidar este incómodo, vamos debater, discutir, argumentar e contra-argumentar para, no mínimo, alargarmos as nossas mentes e aprendermos em conjunto. E com este conhecimento fazermos parte de uma sociedade mais equilibrada e justa, porque somos nós, unidos, que a construimos.

Tenho aprendido algumas coisas, alguns conceitos que não questionava antes. O fenónemo "black face", o #blacklivesmatter (que não é de todo um contraponto ao #alllivesmatter), a reconhecer o meu privilégio branco, e o que é verdadeiramente a "normalidade". Há tantas facetas para uma mesma coisa, não podemos simplesmente fechar os olhos a outras realidades que não a nossa. Empatia, precisa-se.

Aprendi com as minhas lutas pessoais que o meu sofrimento é válido, mas não é isolado. E que as minhas lutas pessoais são isso mesmo, apenas. E todos temos as nossas, ninguém escapa. Por isso quando começo a pensar no quanto as minorias têm de lutar e de se esforçar para ganharem credibilidade e peso e voz e um lugar minimamente respeitável na sociedade, só sei que nada sei. 

Eu neste momento posso descansar, posso por as minhas batalhas em pausa e relaxar confortável que amanhã ou depois pego nelas. Mas há quem não possa parar de lutar, que não se pode dar ao luxo de baixar a guarda, de sossegar. Não sei o que é ser olhada de lado, despertar desconfiança, insegurança, apenas pela minha aparência. Não sei o que é ter pavor de ser acusada injustamente porque se estiver no lugar errado à hora errada ninguém me vai automaticamente culpar e julgar pela cor da minha pele. Não sei o que é ouvir comentários asquerosos e injustos e sentir que o não há lugar para mim na sociedade. E acima de tudo, não sei o que é temer pela própria vida quando saio de casa. 

É incerto por onde podemos começar, mas mesmo que dê passos pequenos, vou dá-los. É o meu compromisso daqui para a frente. Estar atenta, ouvir, aprender, partilhar. Nunca me considerei (nem tenho feitio) propriamente activista, mas sei que posso e quero ser activa. 

Há muita informação a circular e dar continuidade à discussão, não deixar o assunto morrer é responsabilidade de todos. É o mínimo que podemos fazer. 

Não me quero alongar muito mais,  provavelmente voltarei a este assunto com posts mais orientados e mais explícitos (assim o espero) mas queria deixar-vos uma sugestão para terminar.
Subscrevam a newsletter da Nicole Cardoza. Tem informação interessante e muitíssimo bem documentada. Leiam, e se puderem, contribuam.

E se querem falar mais, usar esta plataforma, debater seja o que for comigo, corrigir-me, por favor, façam-no. Tenho o e-mail, facebook, instagram, caixa de comentários aberta. 

Respect.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Notas soltas de uma quarentena

Os dias são todos iguais. Há alguma dificuldade em perceber quando começa e acaba uma nova semana mas lá vamos desvendando o calendário, e assim de repente já passou um mês e uns trocos de isolamento e nem acredito que já é dia 20 de Abril. As crianças andam com os sonos todos trocados. E nós demasiado exaustos para tabelar as energias, vamos gerindo ao nosso ritmo. Todos passamos por altos e baixos, mais ou menos insónias, mais ou menos dificuldade em trabalhar. Mas a verdade é que sendo iguais ou não, eles passam e passam velozes. E ainda não sabemos muito bem quando e como acabarão.

Já me fui um bom bocado abaixo com isto tudo, já discuti muito, larguei lágrimas solitárias, mas também tive momentos de intensa paz. Ontem, pela primeira vez, deixei a loiça fora da máquina e só arrumei hoje de manhã (eu sempre tive uma pequena rebelde em mim). E soube bem não tentar controlar tudo. Não seguir uma obrigatoriedade de cumprir um horário rígido em casa. às vezes as coisas podem esperar.
Não limpo a casa tantas vezes como gostava mas ainda assim tenho as mãos feridas de tanto detergente e esfregona. 

As compras doem, está tudo caro, tudo se gasta mais, e claro que gastamos mais (os miúdos não param de comer?) mas não abdico de um vinho de vez em quando, de pilhas para os brinquedos, de risota e dança na sala ao som do panda. E em breve também vou gastar mais do que devo em terra e vasos para continuarmos a plantar coisas, comemos um rabanete cultivado por nós na salada e estava delicioso. Queremos mais. Girassóis estão a abrir na varanda.



Tento praticar aquela coisa da gentileza e paciência para comigo mesma todos os dias a cada falha, ao mínimo sinal de culpa, de alarme. Já percebi que muito desta vida é feito no improviso e nesta fase improvisamos mais que nunca. Quando temos por cá a mais velha fazemos trabalhos com ela e tentamos ter tempo para tudo. Nem sempre dá. Mas há dias desenhámos as duas e foi maravilhoso. Não escrevo como gostaria, apenas tenho apontado alguns momentos de angústia, e comecei um novo caderno de desenho e tenho tido alguns momentos felizes nele. Comecei a reaprender a tricotar e não tenho jeito nenhum mas tenho lãs maravilhosas herdadas da minha avó e ainda não desisti. 

Às vezes durmo sestas com o meu filho, vá... não é só às vezes, é quase sempre, mas ele também me interrompe tanto as noites, a juntar à minha insónia... uma sesta é um balão de oxigénio. Não tenho tempo para trabalhar nas pequenas coisas que tenho penduradas, mas elas cá continuam e vão avançando ao ritmo possível. Não me esqueço que sou uma sortuda que se pode dedicar mais ao filho e à casa do que muita gente. A sala já sofreu algumas alterações. Afinal, é de todos. Um colchão e almofadas no chão, a zona lounge, pizzas no sofá, a utilização de um móvel que estava por cá temporariamente para apoiar os trabalhos e brincadeiras, e as tralhas que se vão acumulando na arrecadação. E a casa sabe-me tao bem e nunca esteve tão cheia e tão bonita.

Video calls com os amigos que são irmãos, com os primos, com o meu pai e a minha irmã. Muitos beijinhos atirados no ar que sabemos que não os podem tocar, mas esperamos que lá fiquem junto a eles. Muitas saudades dos meus, da liberdade de sair, de os encontrar e abraçar quando quero. Conversas soltas, saudades, tagarelices, tudo por whatsapp. Não me canso das tecnologias nesta fase.

Ontem encontrei-me com o meu pai e irmã. Demos uma pequena volta aqui no quarteirão e sofri por não os abraçar. O meu filho, que não compreende este conceito de afastamento, não os largava, mas fartámos de lhe desinfectar as mãos para poder andar de mão dada com eles.
As actividades da escola vão ocupando as nossas mentes e mesmo assim pouco conseguimos fazer. Ai a culpa outra vez, preciso de mandar e-mail aos educadores. 

Leio menos livros, compenso nas revistas. Mil ideias enchem-me a cabeça e a Netflix ocupa o tempo solto. Já vi a segunda temporada do The terror na tv (é no AMC ou SY-FI? Já não sei), o Freud da Netflix, o Hill House Haunting e estamos a terminar o Irlandês. Em breve vai surgir a segunda temporada de Afterlife e quero ver o Dois papas. E o Stranger Things. E tanta coisa. Mas tudo devagar. Uma coisa de cada vez, ao ritmo dos dias. 
Que são todos iguais.

Como anda a vossa Coronatena? 

terça-feira, 31 de março de 2020

Las hay no hay?

Acabei de entregar o meu ipad a um estafeta para reparar o vidro que se estilhaçou alegremente ontem antes de me ir deitar. O meu filho usa-o com frequência, já o deixou cair mil vezes, sujou-o com tudo e mais alguma coisa, inclusive pisou-o sem dó nem piedade. Ontem, escapa-se-me das mãos num momento e pronto, adeus dinheiro (e que todos os males fossem esses, felizmente pude mandar reparar e os serviços mínimos vão sendo garantidos, coisa que muito me agrada).

Hoje de manhã, já tinha aceitado que teria de emagrecer as minhas poupanças porque o tablet dá de facto imenso jeito, não só para quando é usado pelo miúdo, mas dou-lhe imenso uso para trabalhar, aprender, entreter-me, não posso nem vou obviamente investir num novo só porque sim, e porque se algum dia puder fazer upgrade será para o Ipad pro, e este ficará sempre para uso doméstico.

Só que comecei a pensar nas coisas que se têm partido (apenas e somente) nas minhas mãos ultimamente.
E quando digo ultimamente é tipo nos últimos 2, 3 meses. 
2 pratos, 1 copo, 2 frascos de vidro que uso para guardar coisas, uma prateleira de vidro do frigorífico que era a tampa da gaveta da fruta, e agora, o vidro do ipad. Só para perceberem, os pratos e copos estão na casa desde que cá comecei a viver e já lá vão 10 anos que aqui estou. E só agora começo a partir cenas.

E para finalizar, agorinha mesmo, o que me leva a contar-vos esta história... Estava a tirar um frasco de vidro de uma prateleira alta, e garanto, estava a segurar num só, e outro que estava ao lado pura e simplesmente voou atrás. Se lhe toquei nem dei por isso. Felizmente tenho reflexos rápidos e apanhei-o, senão tinha mais vidros para apanhar.

Isto começa a não parecer coincidência não é? Que ervas devo queimar para parar com isto, sabem? Ou já estarei a endoidecer com o isolamento? 

sexta-feira, 20 de março de 2020

Confinamento e conforto

Nesta fase que todos vivemos, eu confesso que apesar da inquietação constante e das insónias que me assolam, no geral ando tranquila e calma, não me ando a passar com o confinamento entre 4 paredes, e levo estes dias com alguma leveza. Ando numa fase de re-enamoramento pela minha casa, e desde Setembro que as arrumações e organizações são uma realidade para que fique menos caótica e mais confortável. 
Quando fiquei desempregada no início do ano, o meu foco era principalmente na casa. Comprei móveis, montei móveis, limpei, arrumei, escolhi, empilhei mil coisas na arrecadação (será a próxima montanha a escalar), dei finalmente novo uso à minha secretária para me ocupar dos meus pequenos projectos e não só, e todo este espaço ficou mais respirável e agradável. 
Já está quase pronto a receber visitas novamente (as saudades que tenho de organizar almoços e jantares com amigos e família), mas essa parte vai ter de esperar.

(a minha secretária, com riscos feitos pelo miúdo e imagens que me inspiram - vou postar no instagram, mas as imagens que me acompanham são da Marta B Sousa, Ana Sílvia Agostinho, Amalteia e Anne M Bentley para a Flow)

Isto para dizer que estar em casa, por si só não me é doloroso ou aborrecido. Claro que não é fácil gerir o dia para todos comermos, dormirmos, estarmos confortáveis, trabalharmos, entretermos o miúdo (e não temos ainda a minha enteada connosco), fazermos algum exercício e afins, mas talvez pelo facto de ter estado em casa um bom pedaço antes, me preparou para fazer os meus dias entre portas. Não me sinto muito aborrecida. Mesmo não adiantando grande coisa no dia a dia, não escrevo e pouco desenho, ainda tenho uma pilha de roupa para passar, tenho um filho cuja palavra que mais repete é "mamã" e precisa de mim para adormecer, para acalmar, e não posso fazer nada à frente dele sob pena de que ele arrebate tudo o que tenho em mãos (computador, cadernos, canetas...enfim, uma alegria. Tendo em conta que sempre gostei de salvaguardar as minhas coisas é todo um teste de resistência e desapego). 
Mais do que nunca, sou grata pelo meu temperamento introvertido. 

Mas claro que sinto falta de contacto humano. Dos meus. Todos os dias há chamadas em vídeo, mais longas que o costume, penso muito no meu pai sozinho em casa e como esta solidão pode ser tão cansativa como uma criança pendurada em nós 24h por dia. 

Estamos todos juntos nisto, mesmo estando separados. Pela primeira vez, vivemos algo que nos nivela a nossa humanidade, verdadeiramente. Nas poucas vezes que saio à rua falo com toda a gente. Quando é que isso acontecia antes? Recebo e-mails de empresas e sim, há muita tentativa de negócio, mas também há palavras calorosas. Todos os dias há directos no instagram e afins, pequenas aulas online, correntes de comunicação nas redes sociais e mensagens com os meus amigos. Muitos memes e muito riso, e de repente sinto-me mais ligada às pessoas. 

Claro que há todo um mundo de preocupações económicas, políticas e práticas a enfrentar, mas tudo a seu tempo. Neste momento sinto uma gratidão imensa pela generosidade das pessoas, pelo sentido de comunidade que se instalou, pela solidariedade e reconhecimento.

Há pouco estendia roupa a ouvir os sinos da igreja, som que sempre associo a conforto e a casa. A primavera chegou, mas cheirava a outono no ar. E senti-me bem e esperançosa. Só espero que saibamos todos fazer a partir daqui um caminho equilibrado e constante daqui para a frente.

quinta-feira, 19 de março de 2020

O post do regresso (ou algo do género)


Voltei! Ou pelo menos quero voltar. Bem, querer querer... quero voltar desde que decidi fazer esta pausa, mas nem sempre é fácil escrever na confusão dos dias, das confusões da minha cabeça e agora retomar o ritmo vai ser difícil mas espero manter-me um pouquinho mais activa (quantas vezes digo eu isto?). 

A verdade é que gosto mesmo de me manter em contacto, de me mexer aqui no meu mundinho virtual, ainda que os blogs tenham perdido o glamour. 
E não tendo mega planos, quero alterar algumas coisas por aqui sim, quero escrever mais e fazer disto um diário mais a sério (mas já sabem, nada de planos e de projeções, apenas o meu diário). Na verdade, os mais atentos talvez já tenham notado algumas pequenas alterações desde há uns tempos atrás (menus diferentes e uma nova profile pic?- se tudo  correu bem...), e o blog continua a ser um investimento que me faz sentido. Resta saber se vou levar em frente tudo aquilo que gostava, mas realmente... apetece-me tanto voltar que nem vou esperar mais.




O que aconteceu neste hiato?

Começo por dizer que não tem sido fácil pensar em escrever aqui. 2019 foi um ano MUITO difícil para mim. Mudei de vida em Janeiro de 2019, e em Janeiro deste ano, a vida mudou novamente, e eu mudei com ela. Sem me alongar muito sobre o assunto, digamos que apostei no cavalo errado, arrisquei num novo desafio profissional que não correu como imaginava e agora estou em pausa. 

Atrevo-me a dizer que é bastante merecida, sempre fui filha da crise numa profissão onde se espera de tudo e se praticam abusos constantemente e sempre lutei por algo melhor, uma posição melhor, experiência diversificada, na esperança de que dessa luta algo bom viesse, até que essa luta levou o melhor de mim e da minha saúde mental.  
Peço desculpa por ser tão vaga, acho que ainda ando a processar tudo isto, e sinceramente, confesso algum vexame por estar desempregada. E se por um lado preciso de abrandar e me reorganizar, por outro as perspectivas não andam muito animadoras neste cenário pandémico. Preparo-me para enfrentar o ano sem perspectiva de emprego e como teste cenário pode ser assustador.

No entanto, sei que não tenho outro remédio senão ir à luta. E há algo de extremamente electrizante nessa perspectiva. Talvez algo de bom surja daqui mesmo. Ou pelo menos eu acredito que sim.



Para já há um certo alívio em constatar que estou em posição privilegiada para poder ficar em casa com o meu filho nesta fase complicada, que trabalho em casa sempre que posso (ou consigo), que ando a fazer por aprender coisas novas e a aceitar os momentos de pausa que surjam e a respeitar os meus limites. E a nível financeiro... bem, já tinha essas expectativas alinhadas mesmo...

Portanto, sejam bem-vindos ao regresso do blog. Vamos tentar escrever, desabafar, rir e criar. E deliciem-se com as fotos que fiz com a minha lindíssima Laura, alma-gémea criativa, no Outono passado e que já fazem parte deste espaço.

Entretanto, e caso não me apanhem tão amiúde quanto gostaria, convido-vos a passar no meu instagram, ando bastante mais activa por lá, já faço stories e tudo! :)