Acabei de ter a minha primeira experiência como pseudo-mentora. A filha de uma colega minha quer escolher a vertente das artes no 12º ano e eventualmente seguir design e então a minha colega pediu-me para explicar à miúda como funciona, o que se faz, o que é bom, o que é mau... Enfim, as minhas impressões sobre o assunto. E foi uma experiência muito boa. A miúda tem imenso em comum comigo, eu também queria ser apenas artista, desenhar dias inteiros, sem tocar no computador. E depois as coisas seguiram outro caminho e durante algum tempo pensei se teria escolhido o caminho certo para mim.
Mas enquanto lhe descrevia alguns processos criativos porque já passei, contava experiências, explicava algumas regras, percebi que mesmo tendo tido algumas fases mais complicadas com esta profissão que escolhi, nunca me arrependi da minha escolha. Agora que procuro o equilíbrio entre os meus projectos pessoais (e os mil projectos que tenho) e a minha profissão, o design parece uma pequena fracção do que faço, mas a verdade é que tudo o que aprendi me faz sentir muito completa. Fiz as pazes com tudo o que possa ter sido mais negativo e sinto que agora faz parte de mim. E percebi que ela gostou da ideia, que considerou o design mais interessante do que pensava e que eu possa ter ajudado a dar-lhe uma noção mais abrangente das escolhas que ela terá daqui para a frente. Foi tão compensador. Era capaz de fazer isto muito mais vezes.
7 comentários:
Curioso, esta semana fiz exactamente o mesmo para uma rapariga que estava a pensar seguir o meu curso, ainda que eu só lhe pudesse falar do curso em si. Mas é gratificante influenciar as pessoas com a paixão que nutrimos por aquilo que escolhemos/fazemos :)
E o mais curioso é que já passei por tantos altos e baixos com a minha área que achei que pouco lhe podia ajudar, e acabei por redescobrir um interesse no design que já nem me lembrava que tinha. Acho que ainda me posso surpreender a mim mesma, e isso é muito bom. :)
Tão bom essa sensação de sermos úteis com a nossa profissão!
Acho imensa piada quando explico porque gosto tanto do que faço e consigo rever-me em todas as decisões que tomei, mesmo que não tenham sido as mais felizes.
Sou professora e gostava de algum dia vir a saber que serei capaz de inspirar alguém como tive 2 professores que me inspiraram a mim :)
Infelizmente actualmente nao consigo dar essa perspectiva positiva e motivadora da minha profissão. A esfera é tão negra que prefiro nao falar disso a quem ainda tem sonhos.
P meu caso até é optimo, mas é uma excepção tão excepcional que também não me sinto bem em falar sendo que posso estar a criar verdadeiras ilusões.
Fico muito muito feliz que sintas essa "paz" e certeza mas escolhas. É maravilhoso
Ainda estou ba fase de conflito, alguma duvida
B. Cérise, tens uma profissão tão bonita e importante. Tenho a certeza que o teu amor ao que fazes se vai traduzir em inspiração para os teus alunos. Eu tive alguns professores extraordinários, é incrível como me marcaram tanto ao longo dos anos. :)
beijinho
Alva, também já estive em fases muito negras com a minha profissão, algumas de rejeição, mesmo. Acho que hoje estou feliz com a formação que tenho, que é tão abrangente e completa e sinto-me muito feliz com isso. Se estou no meu emprego de sonho? Bem, nem por isso, mas vou procurando outras coisas que me fazem feliz e tentando evoluir noutras coisas que gosto, especialmente na ilustração. Quem sabe onde as nossas buscas nos levam. :)
Vais sair da fase negra, tenho a certeza. Beijinho grande e ânimo.
eu julgava que o design (gráfico) era tão bonito e livre enquanto estudante.
enquanto trabalhadora, zanguei-me com ele, o encanto perdeu-se
mas acho que depende do caminho de cada um
Isso também me aconteceu Ana Sofia, agora apesar de fazer um trabalho muito pouco criativo, percebo que ainda gosto muito dos príncipios por detrás do design. O facto de ter dado umas dicas levou-me a recordar que ainda faço um trabalho válido, que o que eu sei pode ser útil e interessante, nem que seja para a minha satisfação pessoal. :)
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