Como já disse antes, escolhi para palavra deste ano ESSENCIAL, porque no ano anterior tinha tido um tal arrombo na minha vida com o nascimento do Gonçalo, a luta que foi para amamentar e para superar um baby blues paralisante, esta palavra remetia para uma calma e análise que não costumam ser características típicas minhas, mas que precisava para compreender e aceitar as mudanças que a minha vida tinha acabado de sofrer. E ao mesmo tempo, não me perder de quem sou e daquilo que me caracteriza e do que gosto. E agora que o fim do ano se aproxima, começo a reflectir muito sobre isto, se funcionou para mim, se vivi esta palavra (e o seu significado) verdadeiramente ou se estive aquém.
O que este ano foi para mim
Pelas pesquisas que fui fazendo ocasionalmente no Pinterest e que alimentavam o meu board para a palavra (um hábito que quero continuar a manter para os próximos anos e próximas palavras), ESSENCIAL está ligado ao minimalismo, e se no início pensava em entrar numa onda de arrumação e destralhamento, não consegui reflectir minimamente esse conceito da coisa.
O meu essencial não é tanto sobre como reduzir coisas da minha vida, mas antes o processo de estar em plena confusão e tentar orientar-me se quero ou não manter e como procurei (e procuro) perceber essencialmente quem sou, o que quero, para onde tenciono ir.
Porque durante os últimos anos alimentei um sem número de sonhos mais ou menos realistas, muito baseados no que via pela internet fora (escrevi um pouco sobre isto aqui) e cheguei recentemente à conclusão que andei meio desorientada com isto tudo e sem tirar verdadeiro proveito das coisas. Percebi por exemplo que gostei muito de explorar a costura, mas não seria para fazer disso negócio, queria mesmo é saber como se fazem algumas coisas e divertir-me. Ainda adoro coisas craftys e projectos DIY mas já não quero fotografar mil vezes o que faço para por no blog ou no instagram. Quero só usufruir. E depois até posso partilhar, se me apetecer.
Sinto que 2018 foi uma espécie de ano zero do resto da minha vida. Porque foi um ano em que desarrumei as gavetas figurativas da minha mente e tentei por ordem no caos.
Fiz muitas listas, ainda faço. Comecei por fazer playlists, bucketlists (é tão mais fácil escrever em estrangeiro), fiz desafios de journaling e reflecti sobre alguns temas. Foi engraçado.
Dei por mim a ler e a dar abertura para explorar um mundo de gente que fala de temas mais holísticos (e por vezes quase esotéricos), de coaches motivacionais (quer acredite muito nisso ou não), li e-books, posts em blogs, ouço podcasts dentro destes temas do autoconhecimento e de desenvolvimento pessoal, sempre de espírito aberto e sentido crítico qb. Também andei por aí a explorar todo o tema de aceitação corporal e alimentação intuitiva. Descobri coisas interessantes, e pela primeira vez dei por mim a separar o que interessava do que era acessório. Não me apeteceu por nada em prática, apenas porque senti que o essencial era mesmo informar-me e avaliar à distância o que me interessa. Ando a dar algum tempo para as coisas ficarem ou passarem. Continuo a fazer listas, reflicto sobre os temas que me despertam alguma atenção, mas essencialmente gosto da sensação de que não me fechei ao mundo, mas antes mudei a mentalidade com que encaro estas coisas. E não me sinto assoberbada nem assustada com o excesso de informação interessante e útil. Estou ainda apenas a distinguir o que é importante para mim. E pegar numa coisa de cada vez (esta é provavelmente a minha maior conquista).
Em casa, abracei o caos. Gostava de destralhar, sim, mas enquanto não dá vou fazendo por orientar tudo o melhor que possa. Se todos tivermos roupa para vestir, comida, cuidados básicos de higiene, abraços e sorrisos para partilhar, já estamos bem encaminhados. O resto vai devagar. No trabalho, afasto-me de conflitos e aprendo a focar-me cada vez mais nas minhas tarefas, dou por mim a melhorar métodos de trabalho e os resultados estão à vista. Sinto-me extremamente orgulhosa de mim, porque acho que sou tão melhor profissional agora, mesmo usufruindo de uma redução horária.
Cheguei à conclusão que o essencial para mim não é desligar e deitar fora tudo o que é acessório. Eu preciso de muita coisa diferente para me motivar e me manter interessada. Preciso de livros por ler, de coisas a acontecer, de ter múltiplos interesses parados no tempo, à espera que me apeteça.
O essencial é saber gerir as prioridades do cérebro, parar com o multitasking, ouvir o corpo, o instinto, saber quando acrescentar e quando retirar, saber quando parar e quando descansar (não quero voltar a passar por um burnout). Tem muito a ver com autoconhecimento, e com a atitude que escolhi adoptar perante estas coisas, e pela primeira vez em muito tempo, começo a perceber bem quem sou. Pelo menos muito melhor do que até aqui.
Acho que foi uma boa palavra.
1 comentário:
Concordo plenamente e identifico- me muito com o que acabaste de escrever...
Conseguir colocar mais de nós no que é essencial, deixar a boa energia fluir para o que realmente importa, em vez de dispararmos para todos os lados como uma arma desgovernada.
É esse foco no essencial que nos alimenta a alma e nos dá energia para continuar a ser mais e melhor!
Um beijinho e parabéns pelo texto que tem tanto de longo como de inspirador.
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