domingo, 26 de fevereiro de 2017

Sobre o carnaval...

Em miúda sempre gostei do Carnaval. Adorava poder usar uma roupa que não a minha, poder ser outra coisa que não eu, usar maquilhagem, atirar confettis sem medo de sujar ou de ofender alguém. No colégio, o dia era livre, e passávamos o dia apenas a brincar, a cobiçar as máscaras alheias e a retocar maquilhagem e a entrar na nossa personagem. Quando cresci, não achava a mesma piada, nem a desfiles, nem a festas de Carnaval, mas gostava da ideia de criar a máscara. A última vez que me mascarei, algures no secundário, fiz uma máscara de abelha Maia com algumas amigas e todo o processo de fazermos algo foi a minha parte preferida.

Eu sei que pareço a pessoa mais saudosista do planeta a dizer o cliché, mas o Carnaval era tão diferente quando eu era miúda... Lembro-me que sempre quis ser uma princesa, ou a tão afamada dama antiga cheia de folhos e rendas, mas nunca tive grande opção. Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que usei roupa elaborada até aos pés, porque o giro era mascarar-me de capuchinho vermelho, índia, de boneca Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo... As minhas máscaras eram feitas essencialmente pela avó do meu melhor amigo, que nos costurava as roupas, as nossas mães compunham os adereços e pintavam-nos. Quando fui a Emília, a minha mãe costurou remendos numas collants, e fez ela mesma a peruca com lãs coloridas e tranças espetadas numa armação de arame, que combinava lindamente com o vestido de trapos feito pela avó Célia. 

Eram dias em que tinha de se criar algo do nada porque não se vendiam máscaras em cada loja de esquina ou supermercado como hoje, e eu sei que a vida andava mais devagar, permitia estas coisas. A minha mãe nunca me vestiu como princesa mas dava-me muitas opções diferentes, acho mesmo que foi uma das maiores influências criativas da minha vida.

Hoje em dia é raro ver algo semelhante. Os miúdos querem ser as personagens dos desenhos animados preferidos e há mil e uma versões à venda pré-feitas, brilhantes e espampanantes que eliminam a necessidade de criar algo novo. Os pais cedem mais facilmente porque está tudo tão convenientemente à mão, não há paciência para estas coisas como antigamente.

 Se há algo que sempre aspirei quando fosse mãe, era precisamente poder fazer algumas máscaras por mim mesma, e nos dias que correm, mais do que ter um grande entusiasmo pelo Carnaval, gosto das possibilidades criativas que posso dar asas quando tiver o bebé cá fora. A ideia do R2D2 vem daqui, e se há algo que me dá um certo gozo é ver os mil projectos DIY que existem deste género. Claro que vou querer participar nisto. Enquanto ele ou ela não tiver opção de escolha ainda (e vejam se eu ganho juízo, mas a ideia de mascarar a criatura de zombie do Walking Dead começa a tomar forma na minha cabeça...). 

Até lá, divirto-me com as ideias que me ocorrem. E lembro o Carnaval dos velhos tempos com um eterno saudosismo. Alguém vai ter direito a fim-de-semana prolongado? Ainda brincam ao Carnaval? Têm recordações semelhantes às minhas? Adorava saber mais sobre as vossas experiências. 

5 comentários:

Guilhim disse...

Eu sou (em parte) de uma terra em que se vive o Carnaval trapalhão - a Nazaré - e o pai das crianças, nazareno e folião de gema não vive sem os dias de Carnaval. Eu gosto de ver e pouco de participar. A mais Sardanisca só este ano, com 3 1/2 é que está verdadeiramente a viver a coisa. A questão, é que a determinada altura, temos que pôr na balança aquilo que gostamos e nos faz feliz, e aquilo que eles gostam e que os faz felizes. Eu nunca fui de pricesices, nunca tive nada cor-de-rosa e sempre fui meia maria-rapaz. A Sardanisca é exatamente o oposto!! Mas o oposto mesmo! Não conheço outra miúda mais princesa que ela. Quando me pediu para ir de Elsa, Hannah e princesa Sofia ponderei um teste de maternidade, mas depois de ver como ficou de feliz quando se viu de fatiota completa (mais uma capa feita de propósito para ficar quentinha) as nossas manias vão todas para o espaço! Seja com um saco de plástico a fazer de vestido ou com um vestido de rainha, o que importa é que se divirtam e tenham espaço para serem o que normalmente não podem ser! Pelo menos é assim que eu vejo a coisa!

Analog Girl disse...

Concordo plenamente Guilhim, e no final de contas o que interessa é mesmo que eles se divirta-me tirem proveito da brincadeira de faz de conta. No entanto, enquanto ele/a não cresce e não tem vontade própria, eu faço a minha diversão, depois já estou mesmo a ver que vou ceder na coisa. :D

Nada disse...

Eu não celebro o carnaval desde miuda...não tenho paciência em geral, mas sei que um dia que tenha um filho será uma festa muito celebrada!! Poder criar a máscara e poderfazer pandã com ele vai ser genial =D

Lazy Cat disse...

Lembro-me de me mascarar em miúda, mas as memórias não são particularmente saudosas. Não é que sejam más, mas também não são boas.
Depois de crescida nunca mais achei piada ao Carnaval, na verdade, acho que grande macacada, é só mais uma desculpa para as pessoas terem uns dias de férias e apanharem uma bebedeira.
O meu miúdo também não acha piada nenhuma e nunca vai mascarado para a escola nem aos palermas dos defiles, e eu feliz da vida, que assim não tenho de me chatear a fazer fatiotas idiotas com os temas que eles querem. Enfim.... Sou uma velha rabugenta.
(Se ele achasse piada e ficasse muito entusiasmado com a coisa, talvez eu voltasse a achar piada, mas lá nisso ele é um velho como eu! lol)

Marta Chan disse...

As pessoas que têm carnaval na sua cidade natal acabam por viver mais o carnaval do que as outras pessoas, é como se nos estivesse no sangue. Nascida e criada em Loulé sempre vi a minha mãe a juntar se ao grupo de amigas e celebrar o carnaval quatro dias non stop. O mesmo passou se comigo. Agora a morar em lisboa tinha mesmo de entrar na diversão, parecia que se não o fizesse estava a perder uma festividade mega importante. Vou até mais longe, prefiro o carnaval ao natal =P é aquela altura do ano que podes ser quem quiseres, brincas como se não houvesse amanhã, danças aquelas brasileiradas e ainda cantas as musicas aos altos berros. E estão milhares de pessoas contigo, a fazer o mesmo que tu. Há aquele espirito carnavalesco que é a hora de juntar acessorios, emprestar aquela ou a outra peça ao amigo, elaborar o fato... tens razão, ir à loja comprar já feito não tem a mesma piada.
Opa imagino como te deves estar a sentir em relação ao teu rebento. Adoro ver versões minis como dinossauro ou dark vader <3