sexta-feira, 2 de junho de 2017

Coming home

Hoje foi o meu último dia de trabalho. Vou finalmente para casa usufruir de algum descanso pré-bebé, talvez um pouco mais cedo do que o previsto inicialmente, e a verdade é que me deparo com uma dualidade interessante dentro de mim. 

Sinto necessidade de justificar a toda a gente porque vou para casa tão mais cedo do que o esperado, como se tivesse vergonha ou fosse preguiçosa por o fazer. 
Não preciso. Eu até podia não estar podre de cansada, a sofrer com as poucas horas de sono, com as dores de costas e todos os sintomas menos românticos da gravidez, que podia parar e ir descansar se me apetecesse. Mas a verdade é que padeço destes todos e mais uns quantos, e cheguei a um ponto em que sinto que não consigo esforçar-me mais. Especialmente quando dei por mim mais do que uma vez com a sensação de que não estou em condições para conduzir. É assustador.
Fiz por e organizei-me para poder ter este “benefício”, porque de facto o ano passado ia rebentando a cabeça com o excesso de coisas por pensar e fazer. E como o ano passado aprendi que tenho de ouvir o meu corpo e não quero testar os limites, vamos tentar começar em vantagem e gozar de algum sossego antes da criança me vir virar a vida do avesso por todos os bons motivos.

 Eu sinto-me mais confortável com esta decisão. E não acho que me vá aborrecer por ficar dois meses sem nada que fazer (pois, como se isso fosse possível).

Há sempre teorias para tudo no que toca a gravidez e a opinar sobre as decisões das mães de ficar ou não em casa. As pessoas não têm de fazer tudo igual. Cada um decide como se sente mais confortável. E não deverão haver julgamentos. Especialmente meus. 

Desenganem-se se acham que vou estar os dias inteiros refastelada no sofá a devorar tudo o que aparece no Netflix. Há muitas coisas que quero e preciso de fazer. Tenho uma lista imensa de preparativos para a chegada do meu miúdo, coisas por montar, por arrumar, por lavar. Malas de maternidade por fazer. Outra lista de coisas que quero arrumar, limpar e orientar em casa. Quero também fazer algumas coisas à mão para o quarto das crianças, e outras tantas por mim e para mim. E ler e escrever e desenhar muito. Fazer caminhadas e também aproveitar toda a praia que puder. 
E claro que vou percorrer a minha wishlist do Netflix, porque é óbvio que vou estreitar a minha relação com o sofá de vez em quando.

Em breve a minha vida vai mudar e ainda não sei muito bem como. Por isso nada como usufruir destes dias mais meus, dedicar-me efectivamente a esta coisa do nesting, e também a tirar algum tempo para ser apenas eu (ou assim espero). Porque sei que durante uns tempos apenas serei mãe. 

Estou entusiasmada e feliz. Toda uma nova fase começa a partir de agora, há uma sensação de finalidade grande nisto e ainda bem.  É estranho e um pouco assustador, mas o entusiasmo ainda prevalece. Tudo se torna mais real. 



(e quando escrevi este post, ainda não tinha acontecido, mas não podia deixar de comentar que ainda tive direito a uma despedida surpresa no trabalho, com direito a bolo de chocolate e a mimos dos colegas. Soube muito bem ser acarinhada por todos, apesar de detestar ser o centro das atenções. Que comece a contagem decrescente!)

5 comentários:

Agridoce disse...

Fizeste o que te parecia mais correcto, e só isso importa.

Aproveita :)

Analog Girl disse...

Opá, sim. Percebi que ultimamente não posso tomar nada por garantido e não vou abdicar do meu bem estar por nada. Neste momento é mesmo o que preciso. E estou tão cheia de vontade de aproveitar este tempo para tudo aquilo que nunca consigo fazer! :)

Liliana Pereira disse...

Aproveita este tempinho para te organizares, pensares em ti e no que aí vem! :) Vai saber-te bem!

Supimpona disse...

Olá.
Depois do comentário no meu post vim aqui parar.
Este texto já não é muito recente, mas é mesmo isso, ouvir o nosso corpo é fundamental para o nosso equilíbrio.
Da primeira gravidez trabalhei até à véspera do parto. Senti-me sempre bem e não achei necessidade em parar (confesso que também achei que se fosse para casa mais cedo as pessoas iam dizer que eu não queria era trabalhar....). Da segunda gravidez fui obrigada a parar 1 mês antes do parto.......e soube-me tão bem. Aliás, acho que devia haver um período pré-parto. É mesmo uma grande mudança nas nossas vidas, no nosso corpo, nas nossas emoções. Porque não haver um período para nos organizarmos para o inesperado?!
Fizeste muito bem em parar. Devemos ouvir mais o nosso corpo e menos as (algumas) pessoas :)
Beijinhos,
Joana

Analog Girl disse...

Um período pré-parto é uma ideia muito interessante. Ou então uma redução de horário. Eu senti mesmo que não conseguia funcionar como antigamente. Deveria haver mais benefícios de facto. Mas não há nada como lutarmos nós pelo nosso bem-estar. Esse período soube-me pela vida e voltaria a agir do mesmo modo numa outra gravidez...