A minha mãe começou a namorar o meu pai quando tinha 14 anos. Era portanto uma miúda, mas apaixonou-se e manteve-se com ele ao longo da vida toda. Sempre achei a história deles muito bonita, e o amor deles muito comovente a vários níveis.
No entanto não é sobre os meus pais que vou falar hoje.
Dizia eu que a minha mãe tinha 14 anos, e começou a namorar com o meu pai num Carnaval, portanto, algures em Fevereiro. E, obviamente, isto tornou-se uma distração e no segundo período as notas dela baixaram.
Quando ela recebeu as notas em casa pela altura da Páscoa, a minha avó, como será de esperar em muitas mães ou pais, zangou-se e desatou a barafustar com ela e a ameaçar castigos. O meu avô manteve-se silencioso durante o monólogo da minha avó, a minha mãe de cabeça baixa, envergonhada, a balbuciar desculpas. O meu avô, o homem que mais admiro à superfície da Terra, depois da minha avó se ter calado limitou-se a dizer: “filha, sei que te distraíste e as coisas não correram bem, mas eu sei que tu vais conseguir dar a volta e que vais ter melhores notas no 3º período”.
A minha mãe contava-me esta história tantas vezes a sorrir porque “uma coisa é gritarem contigo, e tu sentes-te com vontade de ripostar e contradizer, outra é darem a entender que têm confiança em ti, e aí não tens outra hipótese senão corresponder ao voto de confiança”.
Esta história é ainda hoje muito importante para mim. Porque funciona a muitos níveis. É claro que dar castigos ou levantar a voz é por vezes inevitável quando se educam crianças. Mas e quando já não são crianças? Esta atitude do meu avô, é, para mim, uma excelente lição de parentalidade, consciente de que cria seres humanos, decentes e capazes de tomar as suas decisões, de se responsabilizarem pelos seus actos.
Para além de que é um exemplo fantástico de liderança. O meu avô, sem querer e sem educação neste sentido, parece-me por vezes um guru ao nível do Simon Sinek. :)
Lembro-me desta história com frequência quando reflicto sobre estes assuntos. Porque há que saber largar o controlo de algumas coisas e simplesmente confiar, especialmente se lidamos com pessoas. E todos os dias lidamos com pessoas.
Hoje pensei muito nisto e só me faz sentido partilhá-la convosco.
5 comentários:
Gostei tanto... e é tão assim! Que eu como mãe seja tão compreensiva e menos impulsiva como o teu avô. Que lição!
Nem toda a gente consegue ter essa fé e confianças nos outros, acreditando que têm a consciência e a responsabilidade para fazer melhor. É um grande exemplo, sim :)
Essa confiança é tão importante.
Obrigada pela partilha.
adoro pessoas confiantes :)
xo, Ana Rita Leite
WHITE DAISY
E obrigada por partilhares...é mesmo uma lição de vida ;)
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