terça-feira, 10 de setembro de 2013

Bittersweet

Hoje, pela primeira vez em muito tempo, dei comigo sozinha na hora de almoço, e ainda com uns largos minutos pela frente, decidi voltar ao meu lugar. Acho que já lá não ia há cerca de 1 ano.
Atravessei calmamente a rua, desci as escadas entre os prédios, contornei os canteiros maltratados (e com mais cocó de cão do que me recordava) e entrei no espaço amplo com vista para o mar. Estava muito sol e o espaço estava quase vazio e muito sossegado. Sentei-me no banco do costume, aquele que apanhava sombra, aquele onde tantas vezes me sentei com uma massa fresca comprada no supermercado ou uma salada trazida de casa, com um livro, uma revista ou caderno, um chocolate e muita melancolia. Foi ali que me encontrei comigo mesma enquanto me adaptava ao meu emprego. Estava muitas vezes sozinha, não sentia afinidade com ninguém, o ritmo e ambiente eram novos e diferentes do que conhecia. Foi ali que me recompus e ganhei força para o dia-a-dia. Não foi fácil, mas consegui. Hoje já não sinto a necessidade desta escapatória, pelo menos não como antes, já estou inserida num pequeno grupo de pessoas com quem tenho uma óptima relação, a minha equipa cresceu e felizmente gosto muito do tempo que passo com os melhores colegas que poderia ter. E assim se passaram dois anos e qualquer coisa.
Mas hoje, ao regressar lá, voltei aqueles momentos que ali passei, quando o meu amigo B. me mostrou aquele espaço pela primeira vez, quando a Nicole foi lá ter comigo para almoçarmos à sombra da árvore num dia em que o céu estava carregado, da molha que apanhámos e de como ela me confessou que tinha uma ideia para por em prática, ideia essa que hoje já expandiu e ganhou muitos adeptos (e que desejo que continue a ser um sucesso), daqueles dias em que comprava a Casa Cláudia Ideias e revistas de decoração e perdia-me em outros espaços e outras vidas. E sonhava, sonhava muito. Aqueles momentos eram ouro. E foram necessários, porque me impulsionaram a perseguir os sonhos, permitiram-me a paz de espírito para identificar o que precisava. Sinto a falta desse bocadinho de tempo só meu. Agora tenho o yoga e adoro, mas uma aula com outras pessoas não é o mesmo do que dedicar uma hora inteira a mim e aos meus pensamentos. E tenho saudades de me disponibilizar para mim, deixar o tempo desenrolar devagar e simplesmente estar.

1 comentário:

Analog Girl disse...

Esse episódio foi tão giro! :)
Que venham mais! Vamos continuar a criar boas memórias sempre que estamos juntas (no outro dia descobri fotos nossas nas costuras, foi um delírio), bute combinar esse almoço muito brevemente, sim! :)