quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Sobre a palavra para 2019 e o que quero para o novo ano

Confesso que ando com formigueiro desde o final de 2018, com vontade de fazer de 2019 um ano de actividade e produtividade. Depois de 2 anos de abrandamento e reclusão, em que parei com tudo o que era supérfluo e foquei-me na família e em casa, apetece-me começar a sair da casca e experimentar novamente coisas fora da minha zona de conforto.

Claro que entretanto apetece-me fazer tudo, mas ando a tentar reconhecer o que quero fazer e onde me focar para não desperdiçar energia nem voltar a procurar coisas que não têm a ver comigo (a ver se o ESSENCIAL não ficou apenas em 2018). No entanto é difícil de domar um entusiasmo parvo que por vezes me preenche. Uma coisa que percebo sobre mim, ainda me acontece tanta vez sentir-me a inundar de entusiasmo e paixão pela vida e pelas possibilidades de criar algo novo. Não precisa ser exclusivamente no início de um novo ano, claro. E gosto genuinamente desta característica em mim, quando vejo que consigo repescar aquela energia da criança e adolescente, que se deslumbra e encontra magia no mundo. Sem grandes ingenuidades, sei o que custa a vida e que as coisas boas exigem trabalho. Mas bolas, ainda bem que isto me sai naturalmente, não gostaria de fazer um esforço para ser optimista. 


Portanto, com esta vontade toda a abrir o ano, a palavra teria de significar movimento e atrevimento, mas ainda assim, saber quando abrandar e onde agitar as energias. Assim sendo e sem mais demoras, a palavra para 2019 é (Tcham tcham tcham tchaaaaammmm…) OUSAR (em inglês é tão mais dramático – DARE). Gosto do significado, ousar a sair da casca, a criar, a viver a vida que quero, a descobrir mais sobre mim, a errar. Simplesmente abrir-me para o mundo e avançar, com medos ou sem eles, em pleno. Porque há tanta coisa que fica pela metade ou pela vontade. 


Este ano, pela primeira vez, escolhi também palavras complementares, lembretes das áreas que quero focar esta palavra, ou se for preciso, abrigar-me dela (porque não vou estar em máximos sempre e também terei de ousar a descansar de vez em quando, sim, com direito a deixar a criança na escola e voltar para a casa suja para dormir ou bezerrar no sofá, se precisar). Por isso, CASA, CRESCIMENTO e CRIATIVIDADE também me acompanharão este ano. Parece-vos bem? Acham que dou conta do recado? Nunca pensei em mim como uma pessoa ousada, nem é exactamente esse o objectivo, quero garantir que consigo dar os passos para mudar as coisas e viver experiências de vida mais significativas para mim. A ver vamos se foi uma boa escolha. 


Posto isto, o que quero eu fazer em 2019? 

Como sabem (ou acho eu que sabem), eu fico-me pela palavra e não faço resoluções. No entanto há coisas que eu quero implementar aos poucos para 2019, que eu sei que quero trabalhar porque sinto essa vontade. Portanto há aqui 3 pontos que estão a ser tratados já já: 

O fim das dietas. No ano passado comecei a seguir contas de instagram do movimento Body Positive e os conceitos de alimentação intuitiva (na verdade já tinha ouvido falar disto há muitos anos, mas nunca aprofundei), sigo e leio profissionais da área que defendem estas premissas, ouço podcasts, leio livros sobre o tema. A verdade é que já não faço uma dieta desde que engravidei, escudei-me com a amamentação para não pensar nisso, mas há sempre uma voz cá dentro que não se cala de que eu devia fazer dieta e isto e aquilo. E cheguei à conclusão que preciso de mudar o paradigma. Deixar de me sentir incapaz ou pouco válida porque não tenho menos 10 quilos, a culpabilizar-me. Então ando a tentar encontrar o meu caminho aqui no meio. Não é fácil perceber como pode tudo funcionar, mas não quero mais ficar refém de dietas. Um dia escrevo sobre isto. 


Sustentabilidade. Sempre estive relativamente atenta às questões ecológicas e éticas, há muitos anos que fecho a torneira quando lavo os dentes, tomo banhos curtos, reduzo e reutilizo ao máximo o plástico antes de o reciclar. Mas ainda é pouco. Ando passo a passo, mas com alguma consistência a implementar algumas mudanças. Já comecei a usar apenas maquilhagem vegan e sem testes em animais, voltámos ao sabonete sólido lá em casa (ainda só para banhos, e só para os adultos, mas já é um passo), quero começar a usar champô sólido e o copo menstrual, uso cotonetes biodegradáveis (são de papel e ainda não são a solução ideal, mas lá chegaremos) e vou começar a usar produtos mais naturais ou feitos em casa para algumas necessidades (por exemplo, um esfoliante, pode sempre ser caseiro, gasta-se menos em embalagens e não polui tanto também). Quero estabelecer mais refeições vegetarianas em casa. Estou longe de estar a adoptar medidas perfeitas, mas uma vez que não vivo sozinha e não é fácil implementar mudanças radicais, vamos continuando a dar pequenos passos, na esperança que isto fique e se torne cada vez mais o nosso estilo de vida. 


 Alimentar a criatividade. Não é segredo que eu gostaria de abranger muito mais o que faço e começar a dar passos na ilustração e alimentar o meu portfolio e o bichinho criativo. Nunca tive um espirito empreendedor para me lançar num negócio próprio, e nem sei se esta é a melhor altura para tentar (ou se eu até quero) tal coisa. No entanto, mesmo não me atirando a pés juntos, gostava muito mesmo de apostar mais fortemente nesta vertente e que o meu blog reflectisse precisamente isso (afinal, o objectivo dele era mesmo este, mas algures pelo caminho tornou-se também o meu diário pessoal). Portanto quero desenhar mais, desenvolver competências na ilustração digital, produzir trabalho mais criativo que me desafie, escrever mais, enfim. Para já, comecei a fazer um desenho por dia (quem me segue no instagram já viu) no caderno da lifestories (já não fazia isto há anos, na altura deixei o desafio a meio, desta vez quero levá-lo ao fim), mas não quero ficar por aqui. Vamos devagarinho a ver no que é que dá. Tenho ideias em processo mas ainda não prometo nada que isto está complicado para os compromissos. 

 E este post já vai longo, aplaudo a paciência de quem me lê até ao fim.

 Será boa altura para perguntar… vocês gostam de ler estes posts compridos? Têm paciência para as minhas viagens na maionese? Ou gostavam de coisas mais curtas e grossas, mais sentido de humor e palavrões…? Os desenhos parecem-vos bem ou não vos dizem nada(mas aí confesso que mesmo que não gostem muito acho que vão levar com eles na mesma, ando no mood de partilhar)? 

Enfim, respondam se quiserem, e se vos apetecer, caso tenham uma palavra do ano, uma resolução, intenção, para dois mil e dezanove, partilhem também nos comentários, adoro saber o que se passa por esses lados. Obrigada e um bom ano!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

59

“59 anos. Estou tão velha. E gorda. Ainda ontem tinha a tua idade e dizia que estava velha.”

Eu consigo ouvir-te ainda. Queixavas-te que estavas velha sempre que fazias anos. Posso imaginar toda a nossa conversa ao telefone. Não ias querer pensar em celebrar, mas aceitavas o carinho que tivéssemos para te dar. Iriamos jantar. Talvez lá em casa para poderes gozar o teu neto como deve ser e ele poder dormir cedo como gosta (e acordar meia hora depois porque não gosta de dormir sozinho). Ias abrir presentes, atrapalhada, e sorrias o teu sorriso.

Até acho que sei o que gostaria de te oferecer hoje. A biografia da Michelle Obama, porque sei que ela é o teu tipo de mulher e ias adorá-la. Também sei de séries, filmes e músicas que queria ter partilhado contigo, e acredito que ias adorar algumas delas.

Às vezes imagino como serias nos dias que correm. Terias facebook e um smartphone? Faríamos videochamadas nas férias e teríamos trocado milhões de mensagens no whatsapp quando estava sozinha no hospital e o Gonçalo na incubadora. Precisei tanto de falar contigo, mas acho que ias chorar mais do que eu, se bem que te armarias em forte para mim.

Virias visitar-me todos os dias como o pai e dar uma mãozinha a organizar o fim do meu dia? Encherias o Gonçalo de beijinhos e já lhe terias inventado mil alcunhas tontas, estou certa.

Explicavas-me as coisas que eu não soube entender e que agora já percebo. Partilharíamos experiências e acalmarias o meu coração quando perco a paciência, ou a razão, ou o juízo. Ias adorar o Vítor porque ele tem qualidades que valorizas muito. Sei que ele te faria rir como me faz a mim. Aposto que o Gonçalo iria gostar do teu colo e dar-me-ia mais descanso.
Aposto que a família seria tão mais unida se cá estivesses.
Faríamos o Natal lá em casa e eu ia ajudar-te a cozinhar.

Provavelmente serias mais gordinha. Mas eu ia desafiar-te para caminharmos no paredão e apresentava-te os conceitos de positivismo corporal e alimentação intuitiva que estou a adorar explorar e obrigava-te a desistir das dietas e apresentava-te tostas de abacate com ovo escalfado e manteiga de amendoim com banana.

Aposto que tu e a Mariana dariam muitas turras, porque ela é teimosa como tu. Acho que ias rebentar de orgulho dela, porque ela é forte como tu.

Já há tanto tempo que estás longe, este é um exercício que normalmente recuso, porque parece que já não faz sentido e só serve para me magoar. És o maior “e se” da minha vida.Mas ainda és o meu refúgio, o meu farol, o meu peso e medida. As tuas palavras ainda me pautam as reacções, os teus valores são os meus. Mas hoje apeteceu-me navegar neste mar hipotético. Hoje é o teu dia. O mundo ficou tão mais rico quando apareceste. E sentimos todos a tua falta. Hoje e sempre.

Parabéns, mãe.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Despedir-me de 2018



Eu sei que este post deveria ter sido escrito há mais tempo, mas isto não tem propriamente regras fixas (e atendendo à assiduidade com que escrevo este blog, ainda estou surpreendida por conseguir fazer um post de despedida do ano velho ainda só passados 2 dias no ano novo).
Não me vou alongar muito neste post, até porque se tudo correr bem, tenho coisas para escrever em breve e talvez consiga manter um ritmo mais ou menos aqui no tasco. Mas preciso de escrever sobre este ano. 

Apesar de estar a preencher o meu Unravel the year, em que muito é dedicado ao ano que passou, e ter para mim um registo, sinto que o devo fazer aqui, porque a reflexão faz parte deste blog, e também me dá um sentido de "accountability" (como é que se diz isso em português?), em que posso perceber onde estou, o que mudou, o que evoluiu, o que ficou para trás.

2018 foi um ano estranho. Para mim foi bom, no geral. Perdi a minha avó no início do ano e foi a minha maior dor, mas arrumei relativamente bem a situação, encaixei a doença que a consumiu com alguma naturalidade, aceitei a perda e percebi que ela estava também pronta para que tudo cessasse, e sabia que ela queria descansar. E sei que ela aproveitou muito a vida dela, não se privou de excessos, de falar sempre o que pensava e de viver como ela queria, mesmo que a vida não fosse exactamente o que ela desejasse e esperava. 
Quanto a mim, como já aqui expliquei, a palavra do ano ajudou-me muito a pesar os passos que fui dando ao longo do do ano. A rejeitar o que não interessava, a perceber o que realmente é importante em cada situação. Ajudou-me a vários níveis, a perceber o meu papel no emprego, a conhecer-me melhor, a superar conflitos, a perdoar e aceitar determinadas coisas. Claro que não foi perfeito, nem eu fui, mas a verdade é que senti que esta palavra foi provavelmente a mais interessante que já escolhi e foi inacreditavelmente útil.


2018 foi um ano de autoconhecimento e depuração. 
Tomei alguns passos de que me orgulho, doei cabelo e comecei alguns passos em direcção a um modo de vida mais sustentável - mais uma vez, não são muitos nem muito perfeitos, continuo a ter outras opções menos simpáticas, mas comecei a rejeitar determinadas marcas, tento reduzir o consumo de plástico sempre que posso, rejeitei palhinhas e deixei de comprar marcas de cosmética que testam em animais. Não é muito, mas são passos sólidos que tenciono prolongar e abranger em 2019 (já tenho algumas coisas em mente para começar a aplicar... baby steps).

Foi um ano em que voltei a ter casamentos para ir, vi bebés a nascer, vi gravidezes a surgir.

Foi um ano em que conheci mais pessoas nessa internet fora que pensam como eu e me encheram os dias de trocas alegres de palavras e piadas e carinho mútuo. Já há algum tempo que não sentia isto e é sempre bom ver as amizades virtuais a aparecerem e a contribuírem para a nossa felicidade.

Mas também foi um ano triste, demasiado triste para algumas pessoas que conheço e que gosto. Vi perdas absolutamente irreparáveis a acontecer, mortes demasiado trágicas, que me tiraram o chão. Assistir a isto tornou-me uma pessoa mais grata e mais consciente da fragilidade da vida e também me continua a impelir para lutar pelo que me faz feliz. 

Para 2019 quero erguer a cabeça e fazer coisas que me dão prazer e orgulho em mim mesma. Abracei o conceito do positivismo corporal e ando a fazer um esforço consciente para retirar a mentalidade de dieta do meu discurso e dos meus pensamentos, eu mereço ser feliz com o que tenho, com quem sou agora, e tudo o que eu sou é muito mais do que um corpo. 



Estou cheia de energia e optimismo para este ano. Só quero que seja um ano bom para as minhas pessoas. 

Deixei 2018 terminar com alguma calma e paz. Aproveitei os dias de férias para deixar o miúdo na escola e arrumar, preparar coisas, e renovar as minhas energias. Estas fotos foram tiradas num pequeno passeio a semana passada, durante uma manhã. Um bocadinho de natureza, ainda que seja recortada pela paisagem urbana, deu-me alento e forças para procurar o melhor. 

Em breve falo-vos da palavra que escolhi para 2019 e alguns planos e novidades que se avizinham. Obrigada por estarem aí e que seja um ano estupidamente feliz para todos.