Não tenho tempo para escrever. Não tenho mesmo. Por vezes tento arranhar algum tempo para teclar frases incompreensíveis nos intervalos entre uma tarefa e outra. O meu diário anda ao abandono há mais de um mês.
Estive de férias e regressei ao trabalho com uma calma muito pouco característica em mim, e tenho levado os dias da melhor forma possível. Noto este ano uma grande diferença entre o antes e o pós-férias pela primeira vez na vida. Parece que um qualquer vórtice temporal se impôs e nas duas curtas e básicas semanas de agosto em que fui arejar pelo país fora, o tempo deixou de ter significado e a minha cabeça pôde mesmo fazer reset. Finalmente.
Acabei de ter um fim-de-semana produtivo como não me recordava. Seja na manutenção da casa e da limpeza, da organização dos meus dias, mas também de ver finalmente a renascer a vontade de criar coisas, de repensar a casa, de criar as minhas peças decorativas, para ver as minhas ideias a ganhar forma. Fui aos tecidos pela primeira vez em mais de dois anos. Já não me lembro de uma série de coisas relacionadas com a costura, mas há poucas coisas que me potenciam a imaginação tanto quanto o tecido. Inicialmente só queríamos o suficiente para estofar os assentos das minhas cadeiras, mas abusámos da quantidade outras ideias começaram a surgir, para aproveitar o excesso e rentabilizar os gastos. Os meus dedos quase que conseguiam sentir novamente o tremelicar da máquina de costura e consigo perfeitamente imaginar o que quero fazer. E tenho uma sorte enorme em ter a pessoa que tenho ao meu lado, que puxa por mim e me ajuda, aliás, que nem me dá muito tempo para pensar (por vezes compro materiais e hesito na hora de avançar), antes que eu desse conta, já ele andava com o assento da primeira cadeira na mão, a sacar agrafos e a tirar o tecido anterior. E antes que eu pudesse pensar duas vezes, andávamos de agrafador e martelo em punho, a esticar tecido, agrafar e martelar, e a fazer nascer uma cadeira nova em pouco tempo.
Tenho andado deliciosamente ocupada para além de tudo isto. Trabalho dentro e fora de casa, sou a dona de casa e a designer, e aquela miúda sonhadora de livro em punho. Ando a aproximar-me cada vez mais de mim, de quem sou e quero ser. Começo finalmente a reconhecer-me depois de alguns meses de confusão e desorientação.
A vida não ficou mais fácil, pelo contrário, há novos problemas com que lidar e batalhas a lutar. Algumas delas dentro de mim mesma. Mas a convicção de que sairei vitoriosa liberta-me de um peso inacreditável.
Agora só gostava de vir aqui mais vezes, de verdade. Todos os dias penso em como poderei escrever mais, contar histórias do meu dia a dia, falar das férias… Ainda não deu, por isso conto com a vossa paciência e apareço sempre que puder.
Devo-vos algumas fotos das férias e mostrar alguns lugares maravilhosos que visitei por este Portugal fora. O próximo post será repleto de imagens e memórias desses dias, fica combinado.
Uma boa semana a todos.