quarta-feira, 12 de abril de 2017

My greatest music crush...


Ouvia o Mama’s Gun da Erykah Badu a caminho da faculdade com 19, 20 anos. Inicialmente, a musicalidade e as passagens entre músicas eram o que mais me atraía. Lembro-me que ouvia como um agradável ruído de fundo que me embalava o caminho e me fazia sentir inevitavelmente cool e na vanguarda dos gostos musicais semi alternativos do R&B e Soul. Claro que foi a minha amiga Sara quem me emprestou o álbum pela primeira vez, ela deu-me sempre a conhecer coisas fantásticas e sempre teve um gosto impecável.

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que percebi que estava a reter as músicas quando dei por mim na fila do bar da faculdade a cantar o “kiss me on my neck” e percebi que precisava de ir para o carro e procurar a música em questão e ouvi-la com outra atenção. Nessa altura o álbum rolava inteiro sem preferências por uma outra faixa e nem sequer retinha os nomes das músicas. A partir daí comecei a prestar mais atenção. Lia as letras, retinha mensagens, identificava-me. Ouvia-o uma e outra vez e enraizou-se em mim

Naquela altura, solteira e descomprometida, sentia que aquela música dizia tudo sobre quem quer procurar o amor e a cumplicidade. Ainda hoje, ao adormecer com a respiração do meu amor no meu pescoço penso sempre na letra “…and kiss me on my neck, and breathe on my neck…” e sinto que as coisas estão bem.

Este álbum fala-me directamente ao meu íntimo, parece que foi feito para mim e em muitos aspectos definiu-me os meus primeiros anos como adulta e acompanhou-me desde sempre. Foi de lá que, apesar de estar mal escrito, retirei o meu nickname que me acompanha nos blogs desde 2005… “when incense burns, smoke unfurls, analogue girl in a digital world”. Esta frase ainda hoje resume muito de quem sou. 

A Erykah conhece-me melhor que eu própria. 

Este álbum envelheceu muito bem, continua com uma sonoridade impecável, algumas das músicas já são clássicos, outras parecem-me ainda mais brilhantes do que antes. Adoro como este álbum me acompanha há tanto tempo e ainda assim me faz sentir que me ensina algo. É tão raro isto. 

Quando me sinto mais distante, desligada, perdida, ouvi-lo do início ao fim é um regresso a mim mesma, é encontrar equilíbrio novamente. Todo ele vibra em mim. “Oh baby… we need to smile…

Sinto-me uma sortuda por ter esta relação com o álbum, por muito parvo que isto soe. Alguém tem também um amor incontornável por um álbum como eu? Ou é só de mim e eu sou estranha?

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Random monday stuff


(foto by me a caminho do emprego hoje de manhã. A luz estava maravilhosa e esta foto não lhe faz justiça)

Hoje de manhã pareceu-me ver a primeira estria na barriga. "Paniquei "um pouco e enchi-me de creme porque era a mãe das estrias. Espreitei novamente à tarde e já lá não estava. Provavelmente era algum vinco do pijama. Livrei-me de boa. Por enquanto, pelo menos...

Ontem estive a escrever, finalmente. Foi pouco mas fez-me bem. Também fiz algumas colagens naquele que pode bem ser um futuro art journal. Cortei desenhos meus para lá incluir e desfiz um pouco o mito de que as coisas são intocáveis. Gosto da forma como começo a abraçar estes projectos imperfeitos. Fazem-me sentir que posso sujar e disparatar à vontade. Experimentar e mudar a perspectiva das coisas. Em breve talvez tenha algumas páginas para mostrar.

Cheguei à conclusão que as hormonas pioram exponencialmente o meu road rage, e sei que tenho de me controlar antes que faça um pião e agrida alguém. Aproveitei a calma desta fase e fiz por vir sempre pela faixa da direita para o trabalho, sem acelerar demasiado nem ultrapassar e cheguei bastante cedo na mesma. Não me stressei pelo caminho e pude aproveitar a viagem e simplesmente desfrutar da paisagem e do nascer do sol. A vista privilegiada que tenho todas as manhãs é uma das maiores alegrias do meu dia mas nunca a usufruo como deve ser. Hoje foi o dia. Espero manter-me assim mais algum tempo, em especial quando o trânsito voltar.

Ando a pensar muito no minimalismo. E no mindfulness, porque preciso de controlar os meus nervos e acalmar a mente. Apetece-me simplificar tudo. 
Falando em minimalismo, achei este vídeo interessante. Tem sugestões que merecem a pena explorar, nem que seja apenas pela reflexão em si.

Estou a viciar-me em programas sobre imobiliário e renovações e coisas do género (maldita sic mulher e sic caras). Pena que não possa investir como os senhores dos programas. Mas sonhar e imaginar ainda é de graça.

Tive um jantar com os meus amigos de infância lá por casa, mas o improviso ainda trouxe mais gente e a casa encheu. Esta alegre confusão deixou-me estupidamente feliz

Tive uma segunda feira tranquila e animada, com uma hora de almoço prolongada na companhia de uma miúda fantástica que conheço de blogs há uns anos e nunca tivemos oportunidade de nos encontrarmos com calma para falar (e hoje acabou por ser a correr mas só deu vontade de combinar mais). Adoro como os blogs continuam a trazer-me estas surpresas na vida. 

Esta semana é mais curta e vem aí a minha época preferida. Não sei se já tinha dito que adoro a Páscoa?

Boa semana a todos!

(sublinhei propositadamente algumas expressões em cada um destes acontecimentos. Pontos que marcam cada uma destas coisas, são todas positivas, alegraram-me muito o dia e estou profundamente grata por cada uma delas, mesmo pelo susto da estria. Hoje tive uma segunda-feira atípica, calma e animada, deviam ser todas assim.)

quarta-feira, 5 de abril de 2017

A sonhar com isto

Não sei se foi de ter aprofundado um pouco mais a reflexão pela escrita e pelo desenho, se é por andar a ler mais sobre mindfulness, se por levar andar de facto mais empenhada em tirar um tempo para escrever e desenhar, mas ando novamente perdida de amores pelos art journals (haverá uma boa expressão portuguesa equivalente? Diários gráficos parecem-me sempre tão técnicos e sem graça...) que vejo pela frente. Há pouco tempo deu-me para incrementar ainda mais o meu board do Pinterest e ando a sonhar e babar com isto. Comecei inclusive algumas experiências, o meu diário de gravidez é também ele uma experiência nesse sentido, mas ainda sem grandes resultados. 

No entanto não vou desistir. Aos poucos as coisas fazem-se e acredito que depois de arrancar, vai fluindo de outra forma.

Enquanto não produzo coisas suficientemente consistentes para partilhar, continuo a sonhar com alguns destes, e a deixar-me inspirar para as minhas futuras criações. Lá no Pinterest há mais, mas estes chamaram-me a atenção. Adoro os contrastes, as camadas, a textura, a sujidade. Há algo de muito interessante e genuíno num art journal... 






(Ania Leike - daqui)





Usei os links originais e devidos créditos para partilhar estas imagens, se a imagem é tua e quiseres que a retire do blog, por favor envia-me um e-mail para analogirl.blog@gmail.com // I used the original links and credits to share these images, if this is yours and want it removed from the blog, please send me an e-mail: analogirl.blog@gmail.com

terça-feira, 4 de abril de 2017

Dois dias em casa


Isto podia parecer um título meio parodiado de um filme cómico alternativo mas não, foi uma pequena pausa a que tive direito, com o aval da minha médica que me viu demasiado nervosa na última consulta. Esta coisa de não dormir não convém a ninguém, muito menos a uma pessoa que traz outra dentro de si. 

Claro, disse-me que não podia ficar esparramada no sofá a comer (já bem basta o aumento agressivo de peso no último mês) e por isso mesmo dei corda aos sapatos e aproveitei para começar as longas caminhadas que ela recomendou. Vocês que já me conhecem sabem que eu vou sempre para a praia. Ontem fui de tarde, hoje já aproveitei a manhã. Praias diferentes, horas diferentes, públicos diferentes.

Os dias estão tão estupidamente convidativos que só apetece ficar de papo para o ar, e já se nota o movimento louco dos surfistas, dos adolescentes (uns mais parvos que outros), ou dos muitos turistas a passarem pela linha. De manhã o sossego é outro e vemos as pessoas da zona que vivem mais devagar e aproveitam os benefícios de aqui morarem. 

Com mais ou menos gente, a verdade é que mal sinto o cheiro a maresia o meu coração abranda, o meu cérebro entra num estado de pura felicidade e sinto que estou em casa. Não creio que conseguisse viver longe da costa, amo demasiado o mar. 
Pensei que não aproveito o suficiente, que tenho de andar mais, ir para junto da água salgada, sentir a areia, o cheiro. E que tenho de ensinar tudo isso ao miúdo que aí vem, de tudo o que gostava de lhe passar, percebi que o que mais quero é que ele também ame o mar.

Perco demasiado tempo a aborrecer-me com a minha rotina, e com esta altura do ano é tão mais fácil voltar a ter a praia perto de mim, e tudo se tornar mais optimista e luminoso.

Ando a aproveitar também para por as leituras e o walking dead em dia (andei a procrastinar, mas ao menos agora tenho os episódios todos para devorar), e ver se é desta que retomo a escrita nos diários. Também já marquei as minhas mini-férias (a minha babymoon) lá para Maio, que serão muito curtas mas vão ser o balão de ar necessário depois dos preparativos que tenho ainda pela frente. Mal posso esperar.

Depois desta pausa (e ainda o dia de hoje vai a meio) sinto-me novamente capaz de enfrentar a dureza do meu dia-a-dia e talvez, dormir um pouco melhor. Devíamos todos poder fazer isto mais vezes.