Acabei de entregar o meu ipad a um estafeta para reparar o vidro que se estilhaçou alegremente ontem antes de me ir deitar. O meu filho usa-o com frequência, já o deixou cair mil vezes, sujou-o com tudo e mais alguma coisa, inclusive pisou-o sem dó nem piedade. Ontem, escapa-se-me das mãos num momento e pronto, adeus dinheiro (e que todos os males fossem esses, felizmente pude mandar reparar e os serviços mínimos vão sendo garantidos, coisa que muito me agrada).
Hoje de manhã, já tinha aceitado que teria de emagrecer as minhas poupanças porque o tablet dá de facto imenso jeito, não só para quando é usado pelo miúdo, mas dou-lhe imenso uso para trabalhar, aprender, entreter-me, não posso nem vou obviamente investir num novo só porque sim, e porque se algum dia puder fazer upgrade será para o Ipad pro, e este ficará sempre para uso doméstico.
Só que comecei a pensar nas coisas que se têm partido (apenas e somente) nas minhas mãos ultimamente.
E quando digo ultimamente é tipo nos últimos 2, 3 meses.
2 pratos, 1 copo, 2 frascos de vidro que uso para guardar coisas, uma prateleira de vidro do frigorífico que era a tampa da gaveta da fruta, e agora, o vidro do ipad. Só para perceberem, os pratos e copos estão na casa desde que cá comecei a viver e já lá vão 10 anos que aqui estou. E só agora começo a partir cenas.
E para finalizar, agorinha mesmo, o que me leva a contar-vos esta história... Estava a tirar um frasco de vidro de uma prateleira alta, e garanto, estava a segurar num só, e outro que estava ao lado pura e simplesmente voou atrás. Se lhe toquei nem dei por isso. Felizmente tenho reflexos rápidos e apanhei-o, senão tinha mais vidros para apanhar.
Isto começa a não parecer coincidência não é? Que ervas devo queimar para parar com isto, sabem? Ou já estarei a endoidecer com o isolamento?
terça-feira, 31 de março de 2020
sexta-feira, 20 de março de 2020
Confinamento e conforto
Nesta fase que todos vivemos, eu confesso que apesar da inquietação constante e das insónias que me assolam, no geral ando tranquila e calma, não me ando a passar com o confinamento entre 4 paredes, e levo estes dias com alguma leveza. Ando numa fase de re-enamoramento pela minha casa, e desde Setembro que as arrumações e organizações são uma realidade para que fique menos caótica e mais confortável.
Quando fiquei desempregada no início do ano, o meu foco era principalmente na casa. Comprei móveis, montei móveis, limpei, arrumei, escolhi, empilhei mil coisas na arrecadação (será a próxima montanha a escalar), dei finalmente novo uso à minha secretária para me ocupar dos meus pequenos projectos e não só, e todo este espaço ficou mais respirável e agradável.
Já está quase pronto a receber visitas novamente (as saudades que tenho de organizar almoços e jantares com amigos e família), mas essa parte vai ter de esperar.
Isto para dizer que estar em casa, por si só não me é doloroso ou aborrecido. Claro que não é fácil gerir o dia para todos comermos, dormirmos, estarmos confortáveis, trabalharmos, entretermos o miúdo (e não temos ainda a minha enteada connosco), fazermos algum exercício e afins, mas talvez pelo facto de ter estado em casa um bom pedaço antes, me preparou para fazer os meus dias entre portas. Não me sinto muito aborrecida. Mesmo não adiantando grande coisa no dia a dia, não escrevo e pouco desenho, ainda tenho uma pilha de roupa para passar, tenho um filho cuja palavra que mais repete é "mamã" e precisa de mim para adormecer, para acalmar, e não posso fazer nada à frente dele sob pena de que ele arrebate tudo o que tenho em mãos (computador, cadernos, canetas...enfim, uma alegria. Tendo em conta que sempre gostei de salvaguardar as minhas coisas é todo um teste de resistência e desapego).
Mais do que nunca, sou grata pelo meu temperamento introvertido.
Mas claro que sinto falta de contacto humano. Dos meus. Todos os dias há chamadas em vídeo, mais longas que o costume, penso muito no meu pai sozinho em casa e como esta solidão pode ser tão cansativa como uma criança pendurada em nós 24h por dia.
Estamos todos juntos nisto, mesmo estando separados. Pela primeira vez, vivemos algo que nos nivela a nossa humanidade, verdadeiramente. Nas poucas vezes que saio à rua falo com toda a gente. Quando é que isso acontecia antes? Recebo e-mails de empresas e sim, há muita tentativa de negócio, mas também há palavras calorosas. Todos os dias há directos no instagram e afins, pequenas aulas online, correntes de comunicação nas redes sociais e mensagens com os meus amigos. Muitos memes e muito riso, e de repente sinto-me mais ligada às pessoas.
Claro que há todo um mundo de preocupações económicas, políticas e práticas a enfrentar, mas tudo a seu tempo. Neste momento sinto uma gratidão imensa pela generosidade das pessoas, pelo sentido de comunidade que se instalou, pela solidariedade e reconhecimento.
Há pouco estendia roupa a ouvir os sinos da igreja, som que sempre associo a conforto e a casa. A primavera chegou, mas cheirava a outono no ar. E senti-me bem e esperançosa. Só espero que saibamos todos fazer a partir daqui um caminho equilibrado e constante daqui para a frente.
Quando fiquei desempregada no início do ano, o meu foco era principalmente na casa. Comprei móveis, montei móveis, limpei, arrumei, escolhi, empilhei mil coisas na arrecadação (será a próxima montanha a escalar), dei finalmente novo uso à minha secretária para me ocupar dos meus pequenos projectos e não só, e todo este espaço ficou mais respirável e agradável.
Já está quase pronto a receber visitas novamente (as saudades que tenho de organizar almoços e jantares com amigos e família), mas essa parte vai ter de esperar.
(a minha secretária, com riscos feitos pelo miúdo e imagens que me inspiram - vou postar no instagram, mas as imagens que me acompanham são da Marta B Sousa, Ana Sílvia Agostinho, Amalteia e Anne M Bentley para a Flow)
Isto para dizer que estar em casa, por si só não me é doloroso ou aborrecido. Claro que não é fácil gerir o dia para todos comermos, dormirmos, estarmos confortáveis, trabalharmos, entretermos o miúdo (e não temos ainda a minha enteada connosco), fazermos algum exercício e afins, mas talvez pelo facto de ter estado em casa um bom pedaço antes, me preparou para fazer os meus dias entre portas. Não me sinto muito aborrecida. Mesmo não adiantando grande coisa no dia a dia, não escrevo e pouco desenho, ainda tenho uma pilha de roupa para passar, tenho um filho cuja palavra que mais repete é "mamã" e precisa de mim para adormecer, para acalmar, e não posso fazer nada à frente dele sob pena de que ele arrebate tudo o que tenho em mãos (computador, cadernos, canetas...enfim, uma alegria. Tendo em conta que sempre gostei de salvaguardar as minhas coisas é todo um teste de resistência e desapego).
Mais do que nunca, sou grata pelo meu temperamento introvertido.
Mas claro que sinto falta de contacto humano. Dos meus. Todos os dias há chamadas em vídeo, mais longas que o costume, penso muito no meu pai sozinho em casa e como esta solidão pode ser tão cansativa como uma criança pendurada em nós 24h por dia.
Estamos todos juntos nisto, mesmo estando separados. Pela primeira vez, vivemos algo que nos nivela a nossa humanidade, verdadeiramente. Nas poucas vezes que saio à rua falo com toda a gente. Quando é que isso acontecia antes? Recebo e-mails de empresas e sim, há muita tentativa de negócio, mas também há palavras calorosas. Todos os dias há directos no instagram e afins, pequenas aulas online, correntes de comunicação nas redes sociais e mensagens com os meus amigos. Muitos memes e muito riso, e de repente sinto-me mais ligada às pessoas.
Claro que há todo um mundo de preocupações económicas, políticas e práticas a enfrentar, mas tudo a seu tempo. Neste momento sinto uma gratidão imensa pela generosidade das pessoas, pelo sentido de comunidade que se instalou, pela solidariedade e reconhecimento.
Há pouco estendia roupa a ouvir os sinos da igreja, som que sempre associo a conforto e a casa. A primavera chegou, mas cheirava a outono no ar. E senti-me bem e esperançosa. Só espero que saibamos todos fazer a partir daqui um caminho equilibrado e constante daqui para a frente.
Etiquetas:
growing up,
pensamentos soltos
quinta-feira, 19 de março de 2020
O post do regresso (ou algo do género)
Voltei! Ou pelo menos quero voltar. Bem, querer querer... quero voltar desde que decidi fazer esta pausa, mas nem sempre é fácil escrever na confusão dos dias, das confusões da minha cabeça e agora retomar o ritmo vai ser difícil mas espero manter-me um pouquinho mais activa (quantas vezes digo eu isto?).
A verdade é que gosto mesmo de me manter em contacto, de me mexer aqui no meu mundinho virtual, ainda que os blogs tenham perdido o glamour.
E não tendo mega planos, quero alterar algumas coisas por aqui sim, quero escrever mais e fazer disto um diário mais a sério (mas já sabem, nada de planos e de projeções, apenas o meu diário). Na verdade, os mais atentos talvez já tenham notado algumas pequenas alterações desde há uns tempos atrás (menus diferentes e uma nova profile pic?- se tudo correu bem...), e o blog continua a ser um investimento que me faz sentido. Resta saber se vou levar em frente tudo aquilo que gostava, mas realmente... apetece-me tanto voltar que nem vou esperar mais.
O que aconteceu neste hiato?
Começo por dizer que não tem sido fácil pensar em escrever aqui. 2019 foi um ano MUITO difícil para mim. Mudei de vida em Janeiro de 2019, e em Janeiro deste ano, a vida mudou novamente, e eu mudei com ela. Sem me alongar muito sobre o assunto, digamos que apostei no cavalo errado, arrisquei num novo desafio profissional que não correu como imaginava e agora estou em pausa.Atrevo-me a dizer que é bastante merecida, sempre fui filha da crise numa profissão onde se espera de tudo e se praticam abusos constantemente e sempre lutei por algo melhor, uma posição melhor, experiência diversificada, na esperança de que dessa luta algo bom viesse, até que essa luta levou o melhor de mim e da minha saúde mental.
Peço desculpa por ser tão vaga, acho que ainda ando a processar tudo isto, e sinceramente, confesso algum vexame por estar desempregada. E se por um lado preciso de abrandar e me reorganizar, por outro as perspectivas não andam muito animadoras neste cenário pandémico. Preparo-me para enfrentar o ano sem perspectiva de emprego e como teste cenário pode ser assustador.
No entanto, sei que não tenho outro remédio senão ir à luta. E há algo de extremamente electrizante nessa perspectiva. Talvez algo de bom surja daqui mesmo. Ou pelo menos eu acredito que sim.
Para já há um certo alívio em constatar que estou em posição privilegiada para poder ficar em casa com o meu filho nesta fase complicada, que trabalho em casa sempre que posso (ou consigo), que ando a fazer por aprender coisas novas e a aceitar os momentos de pausa que surjam e a respeitar os meus limites. E a nível financeiro... bem, já tinha essas expectativas alinhadas mesmo...
Portanto, sejam bem-vindos ao regresso do blog. Vamos tentar escrever, desabafar, rir e criar. E deliciem-se com as fotos que fiz com a minha lindíssima Laura, alma-gémea criativa, no Outono passado e que já fazem parte deste espaço.
Entretanto, e caso não me apanhem tão amiúde quanto gostaria, convido-vos a passar no meu instagram, ando bastante mais activa por lá, já faço stories e tudo! :)
Etiquetas:
growing up
Subscrever:
Mensagens (Atom)