Nunca fui pessoa que gostasse particularmente da mudança. Sou caranguejo, sou ligada ao passado, à História pessoal de cada um (a minha em particular). Mas sei perceber que não podemos estar sempre no mesmo lugar. Por isso sinto-me sempre uma contradição ambulante quando algo muda, porque por um lado quero e desejo essa mudança, por outro desejo a vida simples que conhecia antes. Encontrei esta frase no pinterest e acho que se adequa muito bem...
No início deste mês dei por mim a tomar uma decisão difícil, mas necessária. Decidi mudar de emprego. Quem me segue e conhece há mais tempo sabe que a minha vida profissional, ainda que bastante regular e com um crescimento estável, muitas vezes causou-me questões existenciais. No início do meu percurso, achava na minha ingenuidade que existia o emprego perfeito. Mudei muitas vezes e procurei sempre "aquele" ideal que não existia. Experimentei tantas coisas diferentes, tantas vertentes, cheguei a questionar se design gráfico ainda era a minha cena. Agora olho-a como uma fase de altos e baixos, que me ajudou a tomar a decisão de ficar, como deve ser,neste onde me encontro. Há que aceitar que um emprego implica também um percurso. Os primeiros tempos não foram fáceis, pela primeira vez trabalhava numa empresa grande, e passava muito tempo sozinha, na sala enorme que quase sempre se encontrava vazia à excepção de mim.
Foi nesses primeiros dias que criei este blog. Percebi que, se ia ser uma adulta responsável, teria de ter um sítio onde sonhar e extravasar a criatividade que não podia usar no mundo corporativo.
Postei várias vezes sobre os meus almoços solitários no jardim, que me davam força para ultrapassar os primeiros tempos. Começar a conviver demorou algum tempo, mas construí um percurso de que muito me orgulho, sei que hoje ainda sou das pessoas que criam um bom ambiente, conheço bem a empresa e faço um bom trabalho, para além de tudo isto, conquistei novos amigos que quero levar comigo pela vida fora, e não só. Foi aqui que me voltei a apaixonar.
Mas trabalho é trabalho e tive de reconhecer que não poderia evoluir muito mais do ponto onde estava, e decidi responder a um anúncio. E gostaram de mim. E fizeram-me uma proposta irrecusável. Pela primeira vez uma oportunidade realmente boa surgiu-me pela frente e eu não podia rejeitá-la. Claro que isto levou-me a alguns dias de desorientação. Como é que digo adeus a um sítio onde cresci, onde aprendi tanto, onde criei laços tão fortes e onde muitas vezes me encontrei? Bem, vai devagarinho. Tanto tenho dias de saudades intensas e alguma angústia da separação, como uma alegria enorme em atingir um novo patamar profissional.
O meu maior orgulho é pensar que estes 4 anos e qualquer coisa serviram para eu realmente aprender a ser determinada e confiante nas minhas capacidades. Deu-me a força para eu poder dar o passo seguinte. Para eu poder encontrar uma oportunidade boa na minha vida.
Portanto entre a melancolia do adeus e a expectativa, vou vivendo os meus dias até à mudança realmente chegar. Está a ser cansativo, mas mais uma vez, vou aprendendo muito sobre mim.
Daqui a duas semanas vou despedir-me daquela que foi a minha segunda casa durante quatro anos e abraçar um novo desafio. Sinto o formigueiro da novidade e a expectativa de recriar, mais uma vez, a minha vida. A minha vida deu tantas voltas nos últimos tempos. Estou tonta de tanto rodopio, mas estou feliz porque esse rodopio foi causado por mim. E aí não há melancolia que resista. A minha vida, crio-a eu.