terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Reflexões de fim-de-ano (parte 1?)

 Tenho tido alguma dificuldade em voltar aqui e escrever. Este blog não foi o meu blog mais profícuo mas ainda assim anos houve em que escrevia muito, longos posts, apostava nas imagens e tinha algum cuidado na escrita e algures perdi essa vontade. Nas redes sociais estou a sofrer do mesmo desgaste. Não sei se é de sentir que este blog perdeu algures a sua essência, se é do design que ainda não me satisfaz (um designer é sempre o seu pior cliente - e na verdade, sempre que projectei melhorias visuais no blog ficava pela metade), ou se o facto de trabalhar em conteúdos e redes me faz esgotar a minha veia criativa nas minhas coisas. E sinto-me um pouco triste por isso. Gostava de conseguir apostar em conteúdo mais curado e visualmente mais atrativo neste blog, não quero desistir dele e na verdade escrevo tantos posts mentais e tenho várias ideias, apenas me falta vontade de me organizar e o hábito de voltar aqui a escrever.

Em compensação, no mundo offline as coisas estão um pouco mais ricas. Tenho-me permitido parar e reflectir um pouco sobre tudo e sobre nada, suspendi deliberadamente os livros todos que tinha em aberto, um pequeno exemplo de como as coisas que costumava adorar não me estavam a trazer alegria. Não foi só do esgotamento físico e emocional, acho que me sobrecarreguei e quando me permiti parar, comecei a desfiar a sequência de pensamentos e ações que me trouxe aqui, ao final de um ano complicado, e de 3 anos de longa luta interna. 

E quis muito guardar mais conhecimento, alimentar a mente, e isso também me esgotou. Ler deixou de ser apenas prazer, também era ganhar conhecimento, estudar, elaborar, explorar. Acumulo cursos online que não vejo nem ponho em prática. Estou mesmo naquela situação tramada de "tanto para fazer, e tão pouco tempo para o fazer", que a certa altura desliguei. 

Menos é mais, também na nossa vida, não só no design. E percebi que eu tenho uma tendência aguda de acumular coisas. Livros, ideias, artigos de papelaria, aguarelas, papéis, ebooks, recursos gráficos que nunca preciso... You name it! Para além de que a casa não é só minha e também tenho outros pequenos acumuladores por aqui. Tudo está a rebentar pelas costuras. 

Então parei. Desliguei. Parar de ler por uns tempos foi importante porque a leitura sempre tabelou a minha vida. Um livro é um bom amigo não é? Mas até as boas amizades beneficiam de algum espaço. E tenho saudades, é um facto. Saudades de ler pelo prazer que traz, não por outros benefícios extra, ou para alimentar o ranking anual de livros que defino no goodreads (decisão para 2022, não vou estabelecer uma meta de leitura).

A vida digital, as apps para tudo e mais umas botas que deveriam ser úteis, tornam-se quase uma obrigação e deixamos de fazer as coisas pelo prazer de as fazer. Compramos, acumulamos, porque queremos ver, conhecer, explorar. Mas depois é demasiado. 

Estou a aprender a limpar a minha cabeça, a minha vida, as minhas estantes. Há tempos mudei as mobílias de lugar, e fiz planos para o quarto dos miúdos. Vai implicar uma boa escolha, e há meses que tenho sacos no meu carro de coisas para me desfazer porque já não cabiam na arrecadação. Percebi que está na hora de me livrar de algumas coisas que não têm interesse nenhum manter, mesmo que tenham sido significantes para a minha vida em algum ponto. Não quero continuar a carregar pesos. E isto tem sido válido para as coisas que acumulo, como para situações com que não me identifico.

Recentemente fechei um capítulo da minha vida. E penso com assombro como este capítulo se fecha agora, quando decido por fim a uma série de comportamentos, pensamentos e atitudes que não me fazem bem. Quando decido que em 2022 está na hora de deixar a vitimização de lado, e de começar a recuperar o gozo, a vontade e a determinação para levar a vida a outras paragens. Como diz a Catarina Beato, a vida resolve-se sozinha, e eu sem saber bem como, cheguei a um ponto em que consigo olhar para trás, e, mesmo com trabalho por fazer, começo a ver a aprendizagem que trouxe comigo neste caminho sinuoso. Daqui para a frente há uma nova fase da vida por viver. E estou grata por tudo isto. a

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