quinta-feira, 12 de julho de 2018
Vamos falar de mudanças?
Há dias falava que me custava mudar. Mas também que precisava de o fazer o quanto antes. Pelo meu corpo voltar a ser meu e por me sentir identificada comigo mesma quando me olho ao espelho.
Uma coisa eu tenho de dizer antes de avançar mais... ainda tenho uma admiração enorme pelo meu corpo e pelo que ele criou, mas também sei que tenho sido negligente por isso mesmo. Ainda não encontrei o equilíbrio mas estou já em processo, e sei que com isto iniciei uma longa viagem de autoconhecimento e de reconhecimento de mim mesma.
Dizia eu que precisava de me reconhecer. Fiquei com a sensação que a maternidade me despojou de tudo e me vai devolvendo aos poucos o tempo, a clareza, a disponibilidade e a vontade de eu ser eu própria. Eu própria, mas agora mãe.
Quando escrevi esse post, uma boa parte de mim lutava para não me deitar abaixo pelo meu desleixo, lutava para não me sobrecarregar de críticas e não me chamar nomes feios. Não quero odiar-me, já me deixei disso, mas também não andava propriamente compreensiva comigo própria.
Só sei que olhava ao espelho e não me podia ver. Não sei se são as olheiras destes meses, se a pele está mais baça e sem graça, se ganhei rugas no canto dos olhos, a verdade é que algo não estava bem.
Talvez por isso não conseguisse ser tolerante comigo mesma. Olhava ao espelho e sentia que precisava de mudar algo. Não podia ser o peso, não já, ia demorar demasiado tempo. Precisava de algo mais rápido. E com os constrangimentos de ter um bebé que se agarra a meu cabelo para se equilibrar como se eu fosse a Rapunzel, de ter semeados cabelos enormes pela casa toda, de estar sempre a desviar cabelo da cara do Gonçalo quando o amamentava, comecei a alimentar a ideia de cortar o cabelo um pouco mais curto, de experimentar um corte novo, de voltar a ter alguma liberdade de movimentos e menos tempo à espera que seque depois de o lavar. Afinal, mudar de corte já é uma mudança grande na vida.
Esta semana decidi também que estava na altura de juntar duas decisões de uma vez só e aproveitava a vontade de dar um corte grande para a transformar num corte radical e doar o meu cabelo a uma organização que o recolha para fazer perucas a crianças com cancro.
Não é muito no mar das prioridades da doença, mas é algo que sempre quis fazer. E confesso, não é fácil de tomar a decisão e não é fácil ver o cabelo a ser trilhado daquela forma.
Mas é incrivelmente libertador, e nem eu sabia do quanto precisava disto. Estou extremamente satisfeita comigo mesma porque pela primeira vez em muito tempo fiz finalmente algo, dei o passo, dois passos num só e senti-me mais capaz e veja-se... estou diferente ao espelho.
Mudei. E foi tão mais simples do que esperava.
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6 comentários:
Sempre te conheci com o cabelo grande, e ver-te com ele assim tão curto é estranho. Mas fica-te bem! =D
Pois ficou super bem, lembro-me que entrei nessa fase de desleixo pós gravidez e que cada resolução que praticava para mudar me fazia sentir a super mulher!
"Quem muda, Deus ajuda", sempre ouvi dizer :) Além de fazeres algo bom por ti, ainda ajudas outros. Cortar tanto cabelo para doar é realmente libertador e dá uma sensação de orgulho grande, de cumpri a minha parte. Sei que fará a diferença para alguém, como já está a fazer a ti.
Sobre ess aparte de te deitares abaixo seja pelo desleixo ou por outra coisa qualquer, há uma bitola que me serve muito bem que é: se eu não diria isto a uma grande maiga minha, muito menos o devo dizer a mim mesma!
Estás impecável. Parabéns pela coragem da mudança! :)
É engraçado ver como simplesmente uma mudança de cabeço nos faz pensar tanto sobre a importância de mudar, por dentro e por fora. Custa-me muito sempre que corto o cabelo, mas depois acabo por gostar imenso. O que talvez queira dizer que me sentiria bem com outras mudanças também. É importante pensar sobre isto, obrigada.
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