sexta-feira, 15 de março de 2013

Monstra

Ontem, pela primeira vez fui à Monstra. Sabe tão bem sair da rotina e embarcar num programa cultural, então se envolve bom convívio, passar por espaços maravilhosos em Lisboa, um bom jantar e desenhos animados, são os ingredientes para uma noite perfeita (já não me ria tanto há muito tempo). Fui ver o From Up the Poppy Hill, de Goro Miyazaki, filho do reconhecido Hayao Miyazaki ao cinema São Jorge. 
Vamos por partes. O filme é engraçado, tem uma história interessante no pós-guerra no Japão, numa época que antecede os jogos olímpicos de Tóquio e a reconstrução de um país. O percurso de Goro vem precisamente de arquitectura e de manutenção de património, logo esse é um ponto fulcral da história. Um grupo de estudantes de liceu luta por manter um edifício antigo da escola como o seu espaço para estudos, criação de clubes temáticos e o jornal dos estudantes. No meio disto tudo seguimos o percurso de Umi, que perdeu o pai na guerra, e que diariamente, toma conta da casa da avó, com os irmãos e os hóspedes que lá vivem, na esperança da chegada da mãe e de poder voltar a ser uma adolescente normal. 
Há algo que adoro nos desenhos animados japoneses, que é a forma subtil como se passam as emoções,  sabemos que à partida não são bonecos particularmente expressivos, e nestes filmes mais delico-doces não se usam aqueles exageros que víamos no Dragon Ball e outros do género (as famosas pingas junto à testa, os olhos agigantados, os fundos subitamente psicadélicos), é tudo muito suave e orgânico. E a mensagem vai-se infiltrando em nós. A nossa heroína, como devem calcular, vai envolver-se profundamente nos assuntos da escola e ainda vive uma dramática história de amor. E é interessante aperceber-nos das emoções por que passa e o modo como reage às surpresas que a aguardam. É uma particularidade deste tipo de filme que realmente nos prende. No entanto, é inevitável comparar o filho com o pai. Claro que não têm de ter o mesmo estilo, mas quem está habituado ao enredo de fantasia de Hayao Miyazaki, e à forma tocante como nos envolve naquele universo, sentimos que o filho está a anos-luz do pai, e a própria animação acaba por ser básica. 
Mas gostei, gostei da simplicidade da história, dos momentos cómicos e daquela poesia própria da animação japonesa. E os cenários eram maravilhosos.
Ficam aqui algumas imagens. Dei-lhe 4 estrelas e mantenho a minha escolha. Merece a pena ser visto.






4 comentários:

alva quase transparente disse...

Parece-me que transmite bem o espirito japones. Gestos simples, humildes mas verdadeiros e sentidos.
:)

Wise Up disse...

Que mimoso :)

Analog Girl disse...

Bem dito! É de facto um daqueles filmes típicos que nos enchem de bons feelings! :)

Analog Girl disse...

É mesmo um doce, merece a pena ser visto! :)