terça-feira, 11 de julho de 2017

Body building, body being

(Sem criticar, sem me lamentar, hoje saiu-me este texto, ao ver uma newsletter de uma conhecida marca de sapatos e ao rever algumas fotos antigas no Instagram... E de repente caiu a ficha e como tudo mudou recentemente, com a gravidez mas não só. E hoje senti saudades, apenas, de como as coisas costumavam ser.)

Tenho saudades do meu corpo.
O meu corpo normal, o meu, desinchado, com cintura, menos celulite, menos rabo, menos carne no geral.
Tenho saudades de calçar sapatos de salto alto. De caber nesses sapatos. Tenho saudades de comprar sapatos pela beleza, mais do que pela funcionalidade, e tenho saudades de me equilibrar a 10 cm ou mais da minha altura sem dores ou desconfortos (houve mesmo uma altura assim).
Tenho saudades de sushi, de comer com pauzinhos, beber saké ou vinho branco.
Tenho saudades de me vestir cuidadosamente, de ir a um qualquer evento inesperado, de me maquilhar (mesmo a sério).
Tenho saudades de pular, de fazer boxe, de correr, de suar de cansaço físico. Tenho saudades de sentir os meus abdominais.
Tenho saudades de me levantar sem esforço ou apoio. Tenho saudades de assentar os pés no chão e não sentir dores. 
Tenho saudades de não ressonar.
Tenho saudades do meu corpo ser meu. E sei que vou continuar a ter saudades por algum tempo, porque vou demorar a reconquistar o meu corpo.

Mas sei que também vou sentir orgulho em tudo o que o meu corpo faz agora, mesmo com as dores de pés, de costas, na barriga, mesmo com os inchaços inesperados e dificuldade em mexer-me.
E virá o dia em que terei saudades deste dia, deste estado, e de todos os movimentos e encontrões dentro de mim, desta intimidade, desta ligação que construo diariamente com o meu filho. Sei que vou ter saudades de tanto do meu corpo ao longa da vida, porque tudo vai mudando. 
It's all good. Faz parte.

2 comentários:

Ana A. disse...

Meu amor,
Uma coisa te digo, quando recuperares esse corpo vais ainda gostar mais dele porque ele carregou um bebé aí dentro!

Analog Girl disse...

Acredito piamente nisso, Ana... :)
Aliás, já adoro toda esta capacidade neste momento, por entre as dores e o desconforto. Depois de passar por um parto então..