Acho que não preciso de dizer que a viagem correu maravilhosamente bem. Num espirito de turista, sem dúvida, mas de alguma forma, perfeitamente misturada no ambiente da cidade. O que senti em Londres, acima de tudo, foi uma familiaridade enorme, não só por poder ver ao vivo e a cores os cenários e pontos-chave que conheço dos livros e filmes desde a infância, mas porque de alguma forma, tudo por lá me fez lembrar tantas coisas minhas, de outras viagens, de outros tempos. Londres tem de tudo, faz-me viajar no tempo e no espaço… e na maionese. Na catedral de S. Paulo quase esperava ver a senhora dos pombos a vender os saquinhos de migalhas (quem não conhece a referência, é da Mary Poppins, mas já agora vejam que merece sempre a pena).
O passeio começou logo durante a tarde de sexta. Fui ao meu muito desejado, Portobello Market. Perdi a conta às vezes que cantarolei a música “Portobello Road” daquele filme da Disney Bedknobs & Broomsticks (mais uma vez, um clássico que merece a pena), e me perdia pelas ruas, pelo sossego (porque era sexta e chovia), pelas lojas e pelas cores. Desejei poder entrar num café, lanchar a ver o movimento na rua, e ficar ali horas intermináveis simplesmente a aproveitar. Mas não havia tempo. Ainda calcorreei algumas ruas de Notting Hill, maravilhada com aquele ambiente tão característico e terminei o dia em Hyde Park, a percorrer os caminhos vazios e a ver o céu escurecer, visitar a estátua do Peter Pan e voltar a sonhar com a minha personagem preferida da literatura, e a fazer uma larga caminhada por South Kensington até ao hotel (não muito longe dali), espreitando lojas e tirando fotos pelo caminho.
(um esquilo em St. James's Park... irresistíveis)
(a mesa de cabeceira de Mr. Holmes)
Domingo passei pela Tower Bridge e a Torre de Londres. Viajei no tempo e passei por Whitechapel na trilha do Jack the Ripper, e fui a Camden e rendi-me. Não sem antes passar por King’s cross e pelo carrinho do Harry Potter, prestes a apanhar o Hogwarts Express. Terminei o dia passando rapidamente pelo Harrods, visita curta essa porque os meus pés precisavam de descanso urgente.
(fish and chips anyone?)
Se no domingo estava de rastos, na segunda já estava preparada para mais e, para as despedidas ainda fui à catedral de S. Paulo e passei pelo bairro de Chelsea, em parte para ver o estádio, porque o homem vive e respira bola e tinha de aproveitar. Há sempre coisas que ficam penduradas, mas certamente que vou voltar. Várias vezes, se puder.
O último dia deixou ainda mais saudades, porque, com (quase) tudo visto, pudemos finalmente caminhar com calma e sem destino e aproveitar a cidade com outro ritmo. Tinha passado a ganância de ver tudo porque não havia tempo. É curioso como me parece que tanto no primeiro dia como no último é que as viagens são realmente aproveitadas, são aqueles momentos em que levamos as coisas com calma e deixamo-nos envolver pelo ambiente da cidade, sem seguir escrupulosamente o mapa ou a lista. No primeiro dia há muito tempo pela frente, no último não há nenhum. E ambos traduzem-se em passeios mais lentos e tranquilos.
Londres superou todas as expectativas. Fui-me embora com uma melancolia enorme porque ainda não estava preparada para regressar, e isto não acontece em todas as viagens, normalmente fico logo com saudades de casa. Hoje faz uma semana que lá cheguei, acho que teria ficado lá mais alguns dias senão indefinidamente, mas estou feliz com esta pequena experiência, e na esperança de repetir a viagem e ter todo um novo leque de experiências por viver. Podemos sempre continuar a alimentar sonhos e viagens, ou sonhos de viagens...
5 comentários:
Adoro e partilho a paixão com que escreves sobre Londres: é sem dúvida uma das minhas cidades preferidas. Só não concordo com o quase tudo visto! É impossível :) Londres tem sempre tanto para ver :) já fui e já voltei duas vezes e ainda me faltam tantos cantinhos! Dos meus preferidos acho que te faltou perderes-te nos museus de História Natural e de Ciências (ou até no V&A). Deliciares-te com a história da primeira guerra e arrepiares-te com relatos do genocídio no Imperial War Museum, ver um Musical, passear por Convent Garden e endoidecer em Campden Town, apreciar Canary Wharf do outro lado do rio, à noite... Mas há tantos mais! Eu ainda não consegui entrar em Baker Street mas da ultima vez estive na rua onde é filmada a casa da versão do Cumberbatch! (suspiro!). Apetece-me voltar :)
Tão bom =)
Por acaso nunca tive particular interesse por Londres, mas há muitas zonas em Inglaterra que gostava de visitar!
Vera tens tanta razão. Haverá sempre muito para ver em Londres, mas da minha lista, acho que consegui cumprir uns sólidos 90% de desejos de conhecer/visitar, etc. Faltam-me os museus que mencionaste, falta-me o musical, falta-me o Harry Potter Experience, falta passear simplesmente pelos mercados, almoçar calmamente, só estar e ver a cidade respirar e mover-se à minha volta. Mas foi uma primeira experiência do caraças. Agora é fazer força para voltar a acontecer... assim como tu!
:)
Lazy, no meio de tanta fantasia ligada ao Reino Unido, acho que Londres será mesmo um pequeno pedaço de tudo aquilo que gostaria de conhecer. Mas é uma cidade fantástica, com um equilíbrio tão bom entre o legado do passado e os passos para o futuro. Não te arrependerias de lá dar um saltinho... ;)
Bastou ler o teu relato pra me lembrar das minhas aventuras por Londres...já lá fui duas vezes e sinto que há tanto mais para ver. Também sinto essa atracao irresístivel, talvez pelos livros, os filmes, como dizes. 2016 é ano de voltar, espero eu! :)Qual o musical que queres ver?
Gostei tanto de te ler e reviver Londres nas tuas palavras!!
E as fotos... adorei!
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