sexta-feira, 10 de julho de 2015

Sem título porque às vezes não há título possível

Andava eu a pensar que não tenho muito jeito para inventar nomes e alcunhas fofinhas para as pessoas, especialmente porque recentemente me deram uma alcunha deliciosa que não quero largar nunca mais, quando me deu um baque espacio-temporal e lembrei-me dos tempos em que a minha irmã era um bebé, e eu e a minha mãe cantávamos músicas tontas com nomes tontos que lhe dávamos. A minha mãe era a perita em inventar as alcunhas que ficaram ao longo do tempo. 

E as memórias transbordaram, lembrei-me de tudo, de quando dizíamos que ela tinha "narizinho de um gato" (porque em bebé ela quase não tinha cana do nariz e tinha uma bolinha rosadinha amorosa no meio da cara), e palavras como "picotinho" e "tachaloco" faziam parte do nosso vocabulário. 

E bateu uma saudade forte desse tempo em que dizemos as coisas parvas porque podemos, porque somos uma famíla unida e forte, que esquecemos que aquilo parece totó. Há coisas que não me atrevo a repetir nos dias que correm (especialmente as cantilenas) porque admito que tenho vergonha, mas se prestar atenção, ainda ouço a voz da minha mãe na minha cabeça, vejo-a a sorrir com as parvoíces, lembro-me de fazer a minha irmã tão pequena gargalhar, lembro-me de nos rirmos com o meu pai porque ele não tinha jeito para estas parvoíces. O peito enche-se de alegria e de tantas memórias boas. 

Isto é raro, não acontece todos os dias. Espero um dia formar uma famíla em que estes momentos tontos façam parte do dia-a-dia. É tão bom!

2 comentários:

Ana disse...

Eu também pensava que ia ser assim. Mas não é.

Analog Girl disse...

Ainda assim nada como tentar. Claro que a perspectiva de uma criança ou de um adulto são diferentes, mas quero acreditar que ainda se conseguem conquistar momentos destes. Mesmo nos dias mais complicados.