Ando a perceber há várias semanas (meses já) que tenho uma dependência absolutamente absurda do telemóvel. Antes não era tanto assim, na verdade não era nada assim, muitas vezes esquecia-me do telefone em outra divisão da casa, em silêncio, para só me lembrar que existia apenas umas horas depois.
Desengane-se quem acha que eu sou o gatilho mais rápido do whatsapp ou atendo sempre ao primeiro toque (às vezes até atendo mas é porque andava a consultar o telemóvel por outros motivos), o meu interesse raramente é no telemóvel em si, mas sim nas variadas distracções que pululam por ali em pequenos ícones brilhantes, especialmente os que acedem às redes sociais e aos browsers. Já nem acedo tão frequentemente ao Bloglovin para ler outros blogues porque é um divertimento “mais lento”, obriga-me a focar-me num artigo de cada vez em vez de encher os meus olhos e a minha mente agitada de informação para a qual não preciso de gastar massa cinzenta (ou pelo menos assim parece mas é uma ilusão – e recentemente li ou ouvi algures que estar a fazer scroll indefinidamente nas redes sociais não é assim tão relaxante como parece, o cérebro continua a funcionar e a processar e a absorver).
Posso precisar o agravamento do meu uso do telemóvel quando fui para a maternidade. Antes do Gonçalo nascer, e como a coisa demorava, ia mantendo os amigos e familiares informados sempre que podia. Depois, e como ele teve de ficar na incubadora uns dias, o que não ajudou também na amamentação, dava por mim a distrair-me da dor da separação e a consultar artigos e fóruns online sobre bebés. Andei profundamente deprimida no meu primeiro mês de mãe, com uma mastite e dores ao amamentar, insegura, triste, sem apetite e vontade de fazer nada, sem me conseguir ligar ao meu filho, mas incapaz de o largar, e quando pegava nele para uma dolorosa e prolongada refeição, investigava mais e mais, trocava mensagens com pessoas amigas, com outras mães, procurava apoio. Quando tudo acalmou, para além do tema bebé, o telemóvel era um escape para o resto do mundo. No meu isolamento inicial foi mesmo um bom motor para me distrair e informar.
Mas a coisa agravou-se. Estabilizei, confio mais em mim e no instinto maternal, as coisas correm bem, o Gonçalo cresce e torna-se um bebé absolutamente adorável (e teimoso), voltei a trabalhar, entrei numa rotina e… o vício ficou. Já não ando doentiamente a procurar artigos sobre amamentação ou o sono do bebé, mas dou por mim a verificar o instagram e o facebook mais vezes por dia do que o feed se actualiza. A fazer o percurso do carro para o trabalho com o telemóvel aceso e o twitter ou o facebook abertos. Volto para o carro pelo jardim, percurso que adoro fazer e mal olho em volta, procuro tirar fotos, e a primeira “instagramável” que me sai vou logo publicá-la, ainda a caminho. Já houve dias em que dou por mim a obrigar-me a não publicar imediatamente no instagram (o dia em que olhei para o céu foi um deles).
E cansa. Cansa porque sei que estou a saturar o meu já bastante cansado cérebro de mãe. Cansa porque não consigo por de parte o telefone. Cansa porque me mostra constantemente as vidas que não são as minhas e me deixa presa na fantasia em vez de realmente dar por mim a procurar as coisas, a minha realidade (e isto seria todo um assunto para outro post).
E eu queria simplificar a minha vida, queria desligar-me do que é acessório e procurar o que é fundamental (era a premissa da minha palavra do ano), por isso acho que está na altura de me desligar disto. Há uns tempos vi o vídeo da Fê em que ela diz que para se livrar do vício nas redes sociais, começou por fazer um detox, e apagou as aplicações todas de redes durante 5 dias (e ainda dá mais umas dicas e reflecte sobre o assunto, vejam o vídeo).
Eu estou MUITO tentada a seguir o mesmo caminho.
Mas atenção, que isso não implicaria o blog, o blog é diferente. Não é uma rede social nem um vício diário. Mas implicaria calar a página de facebook, o meu perfil pessoal, as minhas duas de instagram, o twitter e talvez o youtube (ainda em consideração porque sabe sempre bem ouvir música e vídeos motivacionais durante o trabalho).
Hoje é um bom dia para me despedir das redes, estamos a meio do ano, que é também a véspera do meu aniversário (bem, se calhar primeiro terei de deixar passar o meu aniversário e os parabéns pelo facebook).
É tentador começar os 36 anos de idade mais desligada da realidade virtual e ligada à minha vida, a olhar MESMO para mim e para os meus dias. Porque não me consigo desligar com meias medidas. Porque a minha vida tem sido feita de meias medidas e não de um compromisso verdadeiro. Já o post anterior da comida reflecte bem isso.
Acho que está na altura de tentar uma abordagem diferente. Prometo que depois conto como correu.
Wish me luck!
Força, faz isso. Determina um dia, depois dos teus anos, e desliga-te por um tempo. Tu consegues, e faz maravilhas!
ResponderEliminarBeijo
Já experimentaste algo semelhante? Estou bastante entusiasmada com a coisa, confesso. Espero não ceder... :P
EliminarTenho alturas em que naturalmente me desligo. Seja porque me dá para ler um livro e fico o dia pregada no livro, ou porque me dá inspiração para trabalhos manuais que duram uns dias a fazer, e nem sequer ligo o PC.
ResponderEliminarE sim, sabe bem não me preocupar sequer em querer saber o que se passa na net.
mas nunca o fiz porque achava que precisava, por isso não sei será fácil ou difícil quanto te obrigas a fazê-lo.
Pá, experimenta. Ninguém morre se não durares muito. Mas tu és teimosa, tu vais conseguir, nem que seja pra provar que consegues ;)
BTW, parabéns! *beijo*
Eu também me desligo com alguma naturalidade, mas ultimamente quando estou em fase “on” parece que não sei desligar e noto que fico a consultar meio doentiamente as redes sociais e sinto-me um pouco louca. Estava com vontade de o fazer com mais intenção. Mas sim, ou tenho força de vontade ou teimosia para levar a coisa em frente :D
EliminarObrigada! *