Há 5 meses, no hospital, depois de tantas horas na sala de partos sem sucesso, uma rápida decisão da médica mais antipática de sempre e vi-me noutra sala, de luzes mais brilhantes, de instrumentos, de prontidão. A médica podia ser antipática, mas foi eficaz. Pareceu-me que não passaram mais de 10 minutos desde que me abriram e agitaram as entranhas, quando ouvi um choro rouco que, percebi ali, estava directamente ligado ao meu coração, bastou-me ouvi-lo para os batimentos aprenderem um novo ritmo. Lembro-me de morrer de curiosidade para o ver, e a anestesista (cuja simpatia suplantava a antipatia da médica) ia-me descrevendo o Gonçalo, cabeludo, moreno, pesa 4,200kgs, tão grande! (“Ainda bem que saiu por cima e não por baixo“- nunca mais me esqueço disto).
E enfim trouxeram-mo, para junto do meu pescoço, e eu senti a suavidade da pele dele na minha, e a lutar para as lágrimas não saírem, falei-lhe. O choro dele interrompeu-se, os olhos abriram-se e eu juro que ele me viu a alma. Reconhecemo-nos, conhecemo-nos. A vida pode atirar-nos para direções opostas e sei que virá um tempo em que ele não me quererá por perto, por isso agarro-me tantas vezes a está memória, bebo todos os momentos, mesmo aqueles mais difíceis do início, quando não sentia ainda “aquela” ligação, “aquele” amor. Não é imediato, é um facto. Mas o tempo dita que as coisas se ajustem, e hoje não falta cumplicidade e amor nos nossos gestos mútuos. Também há muito gozo, porque acredito que o safardanas já tem sentido de humor e goza com a minha cara todos os dias.
Esta madrugada, uma particularmente difícil, ele não dormia e eu sinto-me por vezes uma miúda com um bebé nas mãos e não percebo muito bem como isto me aconteceu. E sou tomada de uma emoção que me suplanta e esmaga e percebo... foda-se, sou mãe!💙
E enfim trouxeram-mo, para junto do meu pescoço, e eu senti a suavidade da pele dele na minha, e a lutar para as lágrimas não saírem, falei-lhe. O choro dele interrompeu-se, os olhos abriram-se e eu juro que ele me viu a alma. Reconhecemo-nos, conhecemo-nos. A vida pode atirar-nos para direções opostas e sei que virá um tempo em que ele não me quererá por perto, por isso agarro-me tantas vezes a está memória, bebo todos os momentos, mesmo aqueles mais difíceis do início, quando não sentia ainda “aquela” ligação, “aquele” amor. Não é imediato, é um facto. Mas o tempo dita que as coisas se ajustem, e hoje não falta cumplicidade e amor nos nossos gestos mútuos. Também há muito gozo, porque acredito que o safardanas já tem sentido de humor e goza com a minha cara todos os dias.
Esta madrugada, uma particularmente difícil, ele não dormia e eu sinto-me por vezes uma miúda com um bebé nas mãos e não percebo muito bem como isto me aconteceu. E sou tomada de uma emoção que me suplanta e esmaga e percebo... foda-se, sou mãe!💙
Opah este último comentário!
ResponderEliminarDeve resumir essa avalanche de sentimentos para o cor-de-rosa e para o cinzento de ser mãe.
Um grande beijinho*
É exactamente isso! E quanto mais tempo passa, mais esse amor aumenta.
ResponderEliminarQue texto lindo, que rajada de realidade. Até choro...
ResponderEliminarMeu Deus como me revejo no teu texto... é realmente um momento tão marcante e esta fase passa mesmo depressa. Eu pensava q era um bocado cliché mas é mesmo!
ResponderEliminarBeijinhos,
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lindo :)
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